Por Thomas Escritt
BERLIM (Reuters) - Os conservadores da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, iniciaram conversas de coalizão com os parceiros do Partido Social-Democrata (SPD) nesta sexta-feira, prometendo progresso rápido em negociações com objetivo de encerrar quatro meses de limbo político na maior economia da Europa.
Chegando à sede de seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), Merkel disse estar otimista e determinada sobre as discussões com objetivo de renovar a "grande coalizão" que governou o país pelos últimos quatro anos.
"As pessoas esperam que nós sigamos em direção a formar um governo, e é por isso que estou muito otimista e muito determinada", disse.
As conversas são a melhor esperança de Merkel para assegurar um quarto mandato, após fracassar em uma tentativa anterior de formar uma coalizão de três vias com outros partidos que não o SPD.
"Eu acredito ser alcançável dentro de um prazo razoável", acrescentou.
Embora a maior parte dos especialistas acredite que as conversas serão bem sucedidas, muitos do SPD estão relutantes, vendo uma repetição da coalizão como no máximo um sacrifício doloroso do partido em nome da estabilidade econômica do gigante econômico e político da Europa.
Apelando a eles, o líder social-democrata, Martin Schulz, destacou a responsabilidade global de seu partido.
"Dados os desafios da China e dos Estados Unidos, a União Europeia precisa de uma Alemanha forte, pró-europeia", disse. "E você só terá isso caso o SPD esteja no governo".
Destacando os riscos para o SPD, um dos dois "partidos populares" que dominaram a história pós-guerra da Alemanha, uma pesquisa de opinião da TV ARD mostrou que somente 19 por cento votariam no partido em uma nova eleição, colocando a legenda somente 7 pontos à frente do Alternativa para a Alemanha (AfD), da extrema-direita.
Rachada por divisões sobre se não seria melhor se reconstruir na oposição, a liderança do SPD está sob pressão de sua ala jovem radical para conseguir concessões dos conservadores, especialmente sobre imigração.
Os conservadores estão cautelosos. Eles estão sob pressão do AfD, que entrou no Parlamento pela primeira vez em 24 de setembro, impulsionado por preocupações públicas por conta da decisão de Merkel de abrir as portas da Alemanha para mais de 1 milhão de refugiados em 2015.
(Reportagem adicional de Michelle Martin)