Por Lisandra Paraguassu
CURITIBA (Reuters) - Apesar de todas as garantias de que iria resistir, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente autorizou que seu companheiro de chapa, Fernando Haddad, seja anunciado na terça-feira, em frente à sede da Polícia Federal, em Curitiba, como seu substituto na campanha presidencial, disseram à Reuters fontes a par da decisão.
Apesar dos recursos ainda pendentes no Supremo Tribunal Federal --e a decisão inicial de Lula de tentar esperar mais um pouco--, o ex-presidente bateu o martelo nesta segunda-feira e começou a trabalhar na sua substituição.
Na tarde de terça-feira, depois da reunião da Executiva do PT em Curitiba, a carta em que Lula apresenta Haddad como nome para substituí-lo será lida na vigília que cinco 5 meses guarda o local onde Lula está preso, com a direção do partido ao lado do ex-prefeito para tentar demonstrar uma união que o PT até agora não conseguiu passar.
De acordo com uma fonte que acompanhou as últimas reuniões em Curitiba, a carta começou a ser redigida nesta segunda-feira por Lula e o próprio Haddad, e será terminada na terça pela manhã, enquanto a Executiva do partido se reúne na mesma cidade.
A expectativa criada pelo PT era de que Haddad, que visitou Lula por mais de três horas na manhã desta segunda, saísse da Polícia Federal, onde o ex-presidente está preso desde abril, já com o documento que irá ungi-lo candidato do PT à Presidência no lugar de Lula.
No final da manhã, no entanto, o ex-presidente ainda resistia e orientava seus advogados a esperarem mais um pouco pela decisão do STF.
Haddad, que deveria voltar à São Paulo na noite desta segunda para um ato no teatro Tuca com artistas e intelectuais, tradicional das campanhas petistas, cancelou sua participação e ficou em Curitiba.
No início da tarde, o ex-prefeito de São Paulo e o tesoureiro da campanha, Emídio de Souza, foram almoçar na casa da presidente do partido, senadora Gleisi Hoffmann, para relatar a conversa com o ex-presidente. Haddad voltou à Polícia Federal para mais uma conversa de duas horas com o ex-presidente, onde, diante da dificuldade de prever um resultado positivo no STF, Lula e Haddad começaram a trabalhar na carta.
O ex-prefeito voltará a se reunir com Lula na manhã de terça, e fica na PF enquanto a Executiva do partido --que precisa homologar a troca, pela lei eleitoral-- se reúne em um hotel de Curitiba. De acordo com a fonte, Haddad participará do encontro por alguns momentos, no início, e voltará à PF para ficar com o ex-presidente até a hora do anúncio oficial de que Lula desiste de brigar pelo registro de sua candidatura.
De acordo com a fonte, será um pronunciamento de Lula, a ser lido por Haddad ou pela presidente do PT no terreno da vigília que guarda Lula desde que o ex-presidente foi preso e transmitido pelas redes sociais.
"Lula pediu que o ato fosse em Curitiba", disse a fonte.
O ex-presidente, que liderava todas as pesquisas de intenção de voto, teve sua candidatura barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa devido à condenação pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do tríplex do Guarujá (SP).
Lula alega inocência, ser alvo de perseguição política e resistiu até onde pôde à ideia de desistir de ter seu nome na corrida eleitoral e confirmar seu vice --tratado desde o ano passado como uma das opções de plano B-- como candidato do PT à Presidência da República.