Por Eduardo Simões
SÃO PAULO (Reuters) - Líderes da base aliada do presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados elaboraram nesta terça-feira um manifesto de apoio ao ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, alvo de denúncias feitas pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de tentar pressioná-lo para favorecer interesses pessoais.
Os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também defenderam Geddel e disseram que esse "episódio" está superado.
Calero acusou Geddel de pressioná-lo para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) liberasse a construção de um prédio na área histórica de Salvador, no qual o chefe da Secretaria de Governo comprou um apartamento.
Após a denúncia, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República decidiu por unanimidade abrir processo para investigar a conduta de Geddel, responsável pela articulação política do governo. Ainda assim, o porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, disse que Temer manterá o ministro no cargo.
Para Renan, o que aconteceu foi um mal-entendido.
“Eu acho que este é um fato superado. Parece que houve uma interpretação indevida. O bom é que isso fique para trás e a convergência seja novamente construída”, disse o presidente do Senado.
Na mesma linha, Maia destacou a importância de Geddel para o governo, embora tenha reconhecido que as acusações de Calero não são boas, ao mesmo tempo que garantiu que Geddel não praticou tráfico de influência.
"O ministro Geddel tem o apoio do Parlamento, tem a confiança do Parlamento, tem exercido um papel fundamental para o governo na articulação política e nós precisamos que o ministro Geddel continue no governo com a certeza que esse papel que ele exerce foi vital na nossa vitória da PEC do teto e será fundamental na nossa vitória na reforma da Previdência", disse.
"O que eu estou ouvindo da maioria dos deputados é o apoio ao ministro Geddel e nós vamos continuar apoiando o ministro Geddel... Vamos virar essa página, o episódio aconteceu, vamos separar as coisas. É claro que tráfico de influência não é bom e eu sei que não aconteceu. O Geddel explicou, até porque o parecer indeferido não foi refeito", disse.
Lideranças da base aliada, capitaneadas pelo líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), elaboraram um manifesto de apoio a Geddel e Moura foi pessoalmente entregar este documento ao chefe da Secretaria de Governo de Temer.
Moura, inclusive, afirmou que está se fazendo uma "tempestade" por conta de algo que ele considerou uma coisa menor.
No manifesto, os líderes aliados a Temer afirmam que Geddel tem conduzido suas funções "de maneira técnica, competente e tendo como premissa maior o diálogo". O documento, entretanto, não menciona diretamente as acusações contra o ministro.
(Com reportagem adicional de Lisandra Paraguassu em Brasília)