BRASÍLIA (Reuters) - Recém-eleito com larga margem de votos para ocupar a presidência da Câmara dos Deputados pela terceira vez, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse na sexta-feira que, "a princípio", discorda da ideia de se aproveitar a proposta do governo Temer, que já está no Congresso, para se acelerar a tramitação da reforma da Previdência do presidente Jair Bolsonaro.
Maia ressaltou, no entanto, que ainda não examinou o assunto e que precisa de mais informações para poder opinar efetivamente sobre a possibilidade de se apensar um novo texto de reforma à Proposta de Emenda à Constituição já existente na Câmara, que aguarda votação em plenário.
“Eu dependo de saber qual o projeto que vem, quando vem, se vem. E aí tem toda uma tramitação regimental que eu não posso passar por cima”, disse, lembrando que se vier um novo texto, ele terá de passar pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e ainda por uma comissão especial, num rito que calcula, deve levar no mínimo dois meses.
“A princípio eu não concordo, não (com o apensamento). A princípio eu acho que você vai suprimir, você vai estar apensando PECs em momentos distintos, em situações distintas”, avaliou.
“Não quero falar porque eu não estudei ainda, mas eu não vou suprimir nada de tramitação que não tenha uma base regimental muito forte para fazê-lo.”
Maia ressaltou, porém, que sua eleição mostrou que é possível construir maioria na Casa inclusive para votar a reforma da Previdência.
O deputado aposta ainda no diálogo com governadores e também com a oposição e defende que a reforma seja fruto de um processo coletivo de construção.
“Acho que a gente tem condições de construir, sim, eu provei que a gente tem condições de construir maiorias na Câmara dos Deputados”, disse a jornalistas logo após a confirmação de sua confortável vitória.
“Acho que é possível, mas temos que entender que a (reforma da) Previdência não é só um problema do presidente Bolsonaro, é também um problema do governo do Piauí, do Ceará, do Rio de Janeiro, de Minas, do Rio Grande do Sul, de Goiás, do Mato Grosso do Sul. Então é um problema de todos”, argumentou.
Mais considera ainda que o regime de capitalização que o governo estuda para a Previdência não deve enfrentar dificuldades de aprovação.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)