RIO DE JANEIRO (Reuters) - Um dia depois de afirmar que há uma “grande revolta” na bancada de seu partido ao identificar as “digitais” do governo para levar parlamentares insatisfeitos do PSB para o PMDB, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse nesta quinta-feira que não vai “misturar” o problema partidário com a votação da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.
“O DEM não mistura uma coisa tão grave com um problema que envolve dois partidos e parte do Palácio do Planalto", disse Maia a jornalistas após evento no Rio de Janeiro.
"Para mim isso já está encerrado e espero que o governo se atenha à sua gestão, que é ir na linha das reformas e que a gente continue crescendo e gerando emprego com carteira assinada”, acrescentou.
Na noite de quarta-feira, Maia disse ter recebido anteriormente garantias tanto do presidente nacional do PMDB, senador Romero Jucá (RR), quanto do próprio Temer de que não havia interesse da sigla em parlamentares dissidentes do PSB, mas que não é o que estava parecendo.
“Nas últimas semanas o que a gente tem visto é o contrário. Inclusive com uma participação do ministro Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) na filiação (ao PMDB) do senador Fernando Coelho”, disse Maia, referindo-se ao embarque do ex-socialista no partido de Temer.
Maia afirmou nesta tarde que foi preciso subir o tom contra o PMDB.
“No meio da primeira denúncia, houve um movimento e o próprio presidente (Temer) desmentiu junto com o presidente nacional do PMDB. Mas após a final da primeira denúncia (o movimento) continuou", disse.
"Chega uma hora que eu tenho que alertar, e meu partido faz parte do governo e tem um ministério (Educação). Na hora que o governo coloca dois ministros na filiação de um senador que caminhava para o DEM, tenho que alertar que isso incomodou”, ressaltou.
Maia disse que não acredita que o PMDB vá continuar essa “política” de assédio de parlamentares, aproveitando para sugerir que essa situação poderia custar apoio em votações importantes, como da reforma da Previdência.
“Todos somos experientes o suficiente, eles mais do que eu, para entender que esse não é o melhor caminho para tratar um aliado que tem sido tão correto e com votação massiva. Tenho certeza que ele entenderam que não poderiam ter enviado dois ministros à posse de um senador que poderia ter vindo ao DEM", disse.
"Minha preocupação é com o governo, porque na hora que os deputados do DEM, que estão ajudando o governo, veem um movimento do governo contra o DEM, acaba que numa votação importante como reforma da Previdência podemos perder votos, e, nós queremos o partidos unido em favor das reformas”, acrescentou.
(Rodrigo Viga Gaier)