Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira afirmou nesta sexta-feira que vai deixar a defesa do presidente Michel Temer na segunda denúncia contra ele, ao mesmo tempo que afirmou acreditar que a acusação também será barrada pela Câmara dos Deputados, como ocorreu com a denúncia anterior.
Mariz alegou motivos éticos para não continuar representando Temer no caso. Ele atuou na defesa do empresário Lúcio Funaro, que fez, em sua delação premiada, acusações que foram usadas na segunda denúncia contra o presidente.
A peça apresentada pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot na semana passada foi encaminhada nesta quinta-feira para a Câmara, a quem cabe autorizar o Supremo Tribunal Federal (STF) a julgar ou não o presidente.
Para Mariz, a denúncia contra Temer por organização criminosa e obstrução de Justiça tem um cenário "muito parecido" com a da primeira acusação por corrupção passiva, que foi rejeitada pela Câmara no início de agosto.
"A denúncia apresenta, tal como a anterior, uma parte considerável de afirmações que fogem muito da realidade, fruto de uma hipótese, de alegações que podem constituir uma verdadeira ficção", disse o advogado à Reuters.
Mariz vê um ambiente desfavorável à acusação e favorável para o presidente. Ele ficou de apresentar a Temer o nome de quatro advogados para que ele escolha o defensor que fará sua defesa na Câmara.
O advogado, no entanto, ressaltou que continua defendendo Temer em outras questões criminais que, por ventura, envolvam-no. Por ora, o presidente é alvo de um inquérito no STF que investiga o suposto crime de corrupção passiva e lavagem de dinheiro na edição de um decreto que mudou regras portuárias este ano.
Desde a semana passada, em dois julgamentos, o STF rejeitou a ofensiva liderada por Mariz contra o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, autor das duas denúncias contra o presidente.
Primeiro, o STF barrou, por 9 votos a 0, a arguição de suspeição do ex-procurador-geral da República para atuar nos casos contra Temer. Depois, por 10 votos a 1, o STF decidiu mandar a denúncia contra o presidente para a Câmara, barrando recurso dos advogados de Temer para que a acusação não fosse remetida até o final da investigação sobre o acordo de delação premiada dos executivos da J&F.