CAMPOS DO JORDÃO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta sexta-feira que irá conversar com o ministro da Educação, Ricardo Vélez, na segunda-feira, e indicou que o ministro pode não continuar no posto, mas não confirmou a demissão.
"Eu falei que estou com a aliança na mão direita, na segunda pode ir para a esquerda ou para a gaveta, só isso", disse o presidente ao ser questionado sobre a situação do ministro. "Tem reclamações lá, estamos conversando para ver se resolve o problema."
Mais cedo, em um evento em Campos do Jordão, o próprio ministro disse que não vai entregar o cargo e que não havia conversado com o presidente Jair Bolsonaro sobre o assunto.
"Não vou entregar o cargo", disse Vélez a repórteres durante participação em evento com empresários promovido pelo Lide.
Na quinta-feira, a Casa Civil publicou a demissão de dois assessores próximos do ministro, a exoneração do assessor especial do ministro Bruno Meirelles Garschagen e da chefe de gabinete Josie Priscila Pereira de Jesus. No total, foram 14 demissões em cerca de um mês, em um sinal da instabilidade que tem tomado conta do ministério.
TURISMO
Bolsonaro comentou ainda a situação do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, envolvido com a utilização de candidatas-laranja para ter acesso à recursos públicos de financiamento da eleição e disse que "não é o caso" de demiti-lo por enquanto.
"O que acertei com todos os ministros desde o começo, conversei também com o ministro (Sérgio) Moro, é que, em havendo um final de um inquérito, uma conclusão com provas robustas, conclusão final do inquérito, toma a decisão", afirmou o presidente.
Bolsonaro disse ainda que apenas a acusação não é suficiente.
"Eu já fui acusado de quantas coisas, meu Deus do céu? Acho que só de corrupção eu não fui acusado até hoje. O resto, misógino, racista, fascista, homofóbico, xenófobo, tudo que se possa imaginar. Sou réu no Supremo numa ação que, pelo amor de Deus, né, mas tudo bem. Faz parte da vida", disse.
Segundo o jornal Folha de S.Paulo, após 30 dias de investigação, a Polícia Federal vê elementos da participação do ministro no esquema das candidaturas-laranja.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu, em Brasília, e Eduardo Simões, em Campos de Jordão)