Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Depois de ser praticamente descartado pelo Palácio do Planalto, o nome do ministro da Justiça e Segurança Pública, Alexandre de Moraes, voltou a crescer para a indicação à vaga deixada pela morte de Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal, disse à Reuters uma fonte muito próxima ao presidente Michel Temer.
O anúncio poderá ser feito nesta segunda-feira pelo Palácio do Planalto, se Moraes for confirmado.
O ministro passou a manhã reunido com Temer e, em parte do encontro, com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Moraes tinha agenda em São Paulo nesta manhã de segunda, mas cancelou e voltou na noite de domingo para Brasília, ao ser chamado para uma reunião com o presidente.
Temer teve vários encontros no final de semana para discutir a nomeação do novo ministro do STF. O presidente havia anunciado que só tomaria uma decisão depois da indicação do novo relator da operação Lava Jato, para mostrar que não iria interferir nas investigações. Com o sorteio de Edson Fachin para a relatoria na semana passada, Temer decidiu acelerar a indicação.
A resistência a Moraes devia-se ao fato de o ministro ser filiado ao PSDB e ter ligações políticas fortes com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmim --possível candidato tucano a presidente em 2018. Inicialmente, Temer dizia preferir um perfil mais técnico e discreto, semelhante ao de Teori.
De acordo com uma fonte palaciana, no entanto, há forte pressão da base por Moraes, que poderia ser um aliado do governo. Com sua indicação, o presidente terá que enfrentar o desgaste de nomear alguém com laços partidários. A avaliação, no entanto, é que há precedentes como Gilmar Mendes, ex-advogado-geral da União de Fernando Henrique Cardoso, e José Dias Toffoli, que teve o mesmo cargo no governo de Luiz Inácio Lula da Silva e antes disso tinha sido advogado do PT.
Moraes foi promotor de Justiça, secretário de Segurança Pública e Secretário de Justiça do Estado de São Paulo. Foi indicado para o Ministério da Justiça e Cidadania por Alckmin, depois de Temer ter dificuldades em encontrar outros nomes para compor sua equipe.
Na última sexta-feira foi reempossado no ministério com as modificações estruturais na pasta.