BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério Público de São Paulo decidiu nesta segunda-feira abrir um inquérito civil contra o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, para apurar suspeitas de irregularidades na edição de decretos de desapropriação de terrenos de familiares do tucano.
A portaria de instauração do inquérito civil cita reportagem da Folha de S.Paulo da semana passada em que Alckmin, então governador paulista, desapropriou em 2013 e 2014 áreas que atingiram um sobrinho e a esposa dele, no qual eles receberam ao menos 3,8 milhões de reais pelo acerto.
O promotor Marcelo Camargo Milani determinou que se notifique Alckmin e os parentes para prestarem esclarecimentos em 20 dias, caso queiram. No despacho, o integrante do MP disse que o fato narrado pode configurar enriquecimento ilícito, prejuízo ao erário e violação de princípios da administração pública e, portanto, ato de improbidade administrativa.
A 13 dias do primeiro turno, Alckmin tem aparecido nas pesquisas de intenção de voto ao Palácio do Planalto numericamente em quarto lugar, bem atrás dos principais adversários, Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT).
Em nota, a Comissão Executiva Nacional do PSDB criticou a decisão do MP e disse que a iniciativa merece investigação da Corregedoria do Conselho Nacional do Ministério Público.
"É incrível que, faltando poucos dias para o pleito presidencial, um membro isolado do Ministério Público tome medidas dessa natureza, baseado tão somente em notícia de um veículo de comunicação, sendo que na própria reportagem foram prestados esclarecimentos cabais", informa a nota.
No último dia 12, o corregedor nacional do Ministério Público, Orlando Rochadel Moreira, determinou a apuração sobre condutas dos promotores que apresentaram recentemente ações contra Alckmin e o presidenciável do PT, Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo.
(Reportagem de Ricardo Brito)