RIO DE JANEIRO (Reuters) - Não há garantias de que os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e de seu motorista Anderson Gomes serão esclarecidos até o fim deste ano, quando termina a intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, disse nesta sexta-feira o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que apontou que a prioridade é desvendar um complô montado por autoridades do Estado para atrapalhar as investigações.
Jungmann disse ainda que milicianos estariam envolvidos no crime e que por trás da morte há muitos interesses que precisam ser revelados.
"Há testemunhos de duas pessoas em que são feitas gravíssimas acusações contra agentes públicos do Rio de Janeiro e que existiria um complô entre agentes públicos, milicianos e políticos muito poderosos que não teriam interesse na elucidação do caso Marielle", disse Jungmann a jornalistas em evento da FGV Energia sobre combate à corrupção.
"Não posso dizer isso (que o assassinato de Marielle será esclarecido neste ano). Os poderosos (envolvidos), eu gostaria que estivessem todos presos e ficarei muitíssimo feliz no dia que estiverem todos na cadeia", adicionou Jungmann.
Até agora, o ex-policial militar Orlando de Curicica foi o principal suspeito de envolvimento na morte da vereadora e do motorista preso. Nesta semana, dois supostos milicianos que seriam do mesmo grupo de Curicica também foram detidos pela polícia.
Fontes apontaram à Reuters dois caminhos sobre as motivações para o assassinato de Marielle. Um delas seria uma disputa fundiária na zona oeste, em que a parlamentar estaria atrapalhando os planos de um político com atuação na região que defendia a especulação imobiliária numa área defendida pela vereadora. A outra possibilidade seria o envolvimento de políticos da Assembleia Legislativa do Estado insatisfeitos com o trabalho do deputado estadual Marcelo Freixo, com quem Marielle trabalhou no passado.
"Vamos chegar nessas pessoas, seja quem for. Governo tem distanciamento para fazer esse processo de faxina do Rio de Janeiro. Temos mais que certeza (do envolvimento de políticos poderosos)", finalizou Jungmann.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)