BRASÍLIA (Reuters) - A Procuradoria-Geral da República (PGR) recebeu 22 pedidos de informações de oito países sobre detalhes dos acordos de delação premiada de executivos da Odebrecht que envolvem supostos crimes cometidos fora do Brasil, informou a Secretaria de Cooperação Internacional do órgão.
Segundo o secretário de Cooperação Internacional da PGR, procurador Vladimir Aras, os pedidos vieram de Peru, Argentina, México, República Dominicana, Panamá, Colômbia, Equador e Venezuela.
Na semana passada, uma equipe de procuradores argentinos esteve em Brasília a fim de tentar obter informações das colaborações que envolvem negócios da empreiteira no país vizinho.
Para Sergio Rodríguez, procurador nacional de corrupção da Argentina, esse processo de cooperação poderá ajudar de forma mais eficiente no avanço das investigações. "Creio que com estes mecanismos de cooperação vigente devemos ter uma investigação mais eficiente e menos burocratizada", disse, em entrevista coletiva na sede da PGR.
O repasse das informações pelo Brasil aos países vizinhos se dará de forma sigilosa, a fim de não atrapalhar futuras investigações. A pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, decidiu no dia 30 de maio manter o sigilo dessas informações que serão compartilhadas.
Pelo acordo de colaboração fechada pelos executivos da Odebrecht, a partir do dia 1º de junho os dados do acordo firmado pela empreiteira com autoridades brasileira iriam se tornar públicos.
Dos 77 colaboradores da Odebrecht, 16 narraram fatos que se referem a obras e negócios da empresa fora do Brasil. Até o momento, contudo, apenas a República Dominicana recebeu informações da empreiteira enviadas pela PGR, que firmou em meados de abril um acordo de colaboração premiada diretamente com o Ministério Público daquele país.
Na semana passada houve uma operação do MP dominicano já com base nas delações de executivos da Odebrecht.
Quando firmou acordo de leniência com autoridades dos Estados Unidos, a Odebrecht admitiu ter pago 788 milhões de dólares em propina em 12 países, inclusive Brasil, Argentina, Colômbia, República Dominicana, México, Panamá, Peru e Venezuela.
O secretário de Cooperação Internacional da PGR afirmou que, com o fim do prazo, já estão sendo preparados para a remessa aos países os "pacotes" com as delações de executivos da Odebrecht que envolvem supostos delitos cometidos fora do Brasil pela empreiteira. Ele disse que não há prazo para que todas as informações sejam repassadas, mas que o órgão tem atuado para acelerar esses procedimentos.
Como parte desses acordos de cooperação, Vladimir Aras afirmou que o MP brasileiro também está colhendo depoimentos de executivos da Odebrecht para auxiliar nessas investigações. Nesta semana devem haver novas falas de delatores referentes a casos da Colômbia e do Chile.
(Reportagem de Ricardo Brito)