SÃO PAULO (Reuters) - A proposta de recriação da CPMF atribuída ao coordenador do programa econômico do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, é um "tiro" no contribuinte, na classe média e nos mais pobres, disse nesta quinta-feira o candidato do PSDB, Geraldo Alckmin, que voltou a atacar a ideia que teria sido aventada pelo economista Paulo Guedes.
Durante evento de campanha em Guarulhos, Alckmin se declarou contrário à elevação de impostos e prometeu, se eleito, fazer um ajuste fiscal pelo lado da despesa e uma reforma tributária que unifique cinco tributos em um único imposto de valor agregado (IVA).
"Sou contra aumento de imposto, aumento de criar CPMF, isso vai onerar mais, vai penalizar a classe média, penalizar a população mais pobre, os ricos deslocam dinheiro para o exterior. Imposto em cascata prejudica a economia, o mundo inteiro o que faz é o IVA, que é o que nós vamos fazer, é o imposto de valor agregado", disse Alckmin a jornalistas.
"É fácil fazer ajuste passando a conta para o povo. Aliás, o candidato da bala deu o primeiro tiro. Deu tiro no contribuinte, deu tiro na classe média, deu tiro no pobre e deu tiro na economia. O que ele quer é aumentar imposto, nós vamos fazer exatamente o contrário, ajuste fiscal pelo lado da despesa", acrescentou.
De acordo com reportagem do jornal Folha de S.Paulo na quarta-feira, Guedes disse em encontro com investidores que pretende criar um imposto nos moldes da CPMF e unificar a alíquota de Imposto de Renda em 20 por cento.
Ainda na noite de quarta, Bolsonaro, que está internado no hospital Albert Einstein se recuperando de duas cirurgias de urgência a que se submeteu depois de levar uma facada no começo do mês, foi ao Twitter (NYSE:TWTR) afirmar que as notícias de que recriaria a CPMF não procede, classificando-as de "mal intencionadas".
Também na quarta-feira, uma fonte com trânsito na campanha de Bolsonaro disse à Reuters, sob condição de anonimato, que um imposto nos moldes da CPMF, com incidência sobre movimentações financeiras, viria no lugar da adoção de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) em simplificação tributária promovida em eventual governo do candidato do PSL.
PESQUISAS
Indagado no ato de campanha em Garulhos sobre pesquisas eleitorais, Alckmin afirmou que os levantamentos têm mostrado que ele está em um patamar estável, e afirmou que poderá crescer até o primeiro turno, marcado para o dia 7 de outubro.
"Eleição é agora nesses próximos 15 dias. Nós estamos estáveis, o Datafolha de hoje mostra isso. Temos todas as condições para crescer nesse período. Agora que aumenta o interesse da população, aumenta a participação na campanha eleitoral", avaliou.
O tucano apareceu com 9 por cento em pesquisa Datafolha divulgada na madrugada desta quinta-feira, mesmo patamar da sondagem anterior do instituto.
O levantamento mostrou Bolsonaro na liderança, com 28 por cento, seguido por Fernando Haddad (PT), com 16 por cento, e Ciro Gomes (PDT), com 13 por centos, em empate técnico com Alckmin no limite da margem de erro. Marina Silva (Rede) aparece com 7 por cento, em empate técnico com Alckmin dentro da margem de erro, de 2 pontos percentuais.
(Por Eduardo Simões)