Por Alexandra Ulmer e Eyanir Chinea
CARACAS (Reuters) - A oposição venezuelana pediu nesta terça-feira ao presidente de esquerda do país, Nicolás Maduro, para que ele pare de dar desculpas pela derrota dos seus candidatos nas eleições legislativas e, em vez disso, cuide urgentemente da falta de alimentos e liberte políticos presos.
A pior crise econômica na história recente do país membro da Opep registra falta de produtos básicos, como farinha, leite, carne e feijão. A crise de abastecimento afeta particularmente os pobres e para além da capital Caracas, com consumidores fazendo fila por horas debaixo do sol na expectativa da chegada de um caminhão de entrega.
"Pedimos que o governo pare de chorar e comece a trabalhar", disse Jesús Torrealba, líder da coalizão Unidade Democrática, em entrevista coletiva. Ele estava debaixo de um sinal que dizia "Obrigado Venezuela, nós ganhamos!".
O governo intensificou as importações quando as eleições se aproximavam, mas no geral os suprimentos se reduziram neste ano devido à recessão e o preço baixo do petróleo, com muitos economistas alertando que a escassez pode piorar no Natal.
"Estamos apenas a algumas semanas de um problema muito sério em termos de comida", declarou Torrealba.
A irritação com o desabastecimento ajudou a oposição a conquistar a vitória nas eleições de domingo para a nova Assembleia Nacional.
A coalizão venceu até mesmo em redutos tradicionais do chavismo, o movimento inspirado por Hugo Chávez, incluindo nas favelas de Caracas e em Barina, Estado do ex-presidente.
Novos parlamentares planejam lançar investigações sobre corrupção e pressionar o governo a publicar dados econômicos como a inflação, que não é divulgada há um ano.
No entanto, apesar do forte mandato por mudança, o Legislativo agora controlado pela oposição pouco pode fazer sobre o complicado câmbio e o controle de preços, que são importantes fatores da confusão econômica.
Falando à imprensa em um hotel de Caracas, Torrealba e outros líderes das duas dezenas de partidos que formam a coalizão também reivindicaram a libertação de ativistas presos, incluindo o líder opositor Leopoldo López.