Por Julien Toyer e Blanca Rodríguez
MADRI (Reuters) - Os principais partidos políticos da Espanha delinearam nesta quarta-feira visões conflitantes sobre como formar um governo viável na esteira da eleição inconclusiva de domingo, dando a entender que as negociações serão complexas e demoradas.
O líder socialista Pedro Sánchez, que falo à imprensa depois de se reunir com o primeiro-ministro espanhol, Mariano Rajoy, disse que irá rejeitar qualquer acordo que leve à formação de um novo governo com Rajoy ou seu Partido Popular (PP), acabando com as esperanças de uma grande coalizão das maiores forças da esquerda e da direita.
No domingo, o PP, de centro-direita, conquistou a maior parte dos votos, mas ficou aquém de uma maioria parlamentar, e o Partido Socialista (PSOE, na sigla em espanhol) ficou em segundo lugar. Ambos perderam bastante terreno para o novo e liberal Cidadãos e para o Podemos, de esquerda.
Sem o apoio dos socialistas, ou pelo menos de seu apoio implícito por meio de abstenções, será impossível de o PP montar um gabinete sem maioria na legislatura. Outras combinações são possíveis, mas exigiriam que pelo menos três partidos chegassem a um acordo.
"Dizemos 'não' a Rajoy e às suas políticas", declarou Sánchez em entrevista coletiva após a conversa. "Os socialistas irão trabalhar para que haja um novo governo, um governo de mudanças, com ideias progressistas e capacidade de dialogar."
Ele acrescentou, porém, que fará tudo o que puder para evitar novas eleições e que irá apoiar o premiê em temas como o terrorismo ou a unidade espanhola contra o risco da independência da região da Catalunha.
Rajoy, que tem a prerrogativa de compor um novo gabinete, deve agora se encontrar com os líderes do Cidadãos, Albert Rivera, e do Podemos, Pablo Iglesias, na segunda-feira.
Rivera já avisou que o Cidadãos irá se abster de uma votação parlamentar sobre um novo governo do PP e solicitou nesta quarta-feira conversas sobre reformas com o governo e os socialistas.
Separadamente, o Podemos reiterou que não irá concordar com nenhum pacto que permita a Rajoy ou ao PP continuarem no poder.