BRASÍLIA (Reuters) - A Procuradoria-Geral da República denunciou nesta sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) por corrupção passiva e obstrução de Justiça a partir da delação feita por empresários do grupo J&F.
O tucano é acusado pelo Ministério Público de ter usado o cargo para defender interesses da J&F, controladora da JBS (SA:JBSS3) , em troca do recebimento de propina. Aécio teve uma conversa interceptada na qual pedia 2 milhões de reais a Joesley Batista, um dos donos do grupo e que fez delação premiada.
Posteriormente, a quantia exigida pelo senador foi entregue a um primo dele, em ação acompanhada pela Polícia Federal e feita com autorização do STF.
O relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello, ficará responsável por instruir a denúncia criminal. Após essa etapa, a 1ª Turma do Supremo vai decidir se aceita a acusação e transforma ele em réu ou se rejeita a denúncia.
Outras pessoas ligadas a Aécio também foram denunciadas: Andréa Neves, irmã do senador, Frederico Pacheco, primo dele, e Mendherson Souza Lima, assessor do senador Zezé Perrela (PMDB-MG). Os três foram presos pela Polícia Federal em 18 de maio.
O senador nega as acusações e afirmou ter sido vítima de uma armação montada por Joesley Batista.
Em nota, o advogado Alberto Toron, que representa Aécio, disse ter recebico com surpresa a notícia do oferecimento da denúncia contra o senador afastado, e disse lamentar o "açodamento" da PGR que, de acordo com o advogado, ofereceu a denúncia sem que diligências importantes, como a perícia em gravações feitas por Joesley, fossem realizadas.
"Assim, a defesa lamenta o açodamento no oferecimento da denúncia e aguarda ter acesso ao seu teor para que possa demonstrar a correção da conduta do senador Aécio Neves e de seus familiares", afirma a nota assinada por Toron.
(Reportagem de Ricardo Brito) 2017-06-02T221205Z_1_LYNXMPED5125B_RTROPTP_1_POLITICA-PGR-AECIO-DENUNCIA.JPG