Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O Palácio do Planalto montou uma operação de apoio ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta sexta-feira, com diversos ministros se dirigindo a São Paulo para dar apoio pessoalmente e um pronunciamento da própria presidente Dilma Rousseff, informaram à Reuters fontes do governo.
Dilma queria ir pessoalmente à capital paulista encontrar seu antecessor, mas foi dissuadida da viagem por questões de segurança. Outros petistas do governo, no entanto, já estão confirmados em um movimento de solidariedade ao ex-presidente.
Vão se encontrar com Lula os ministros da Secretaria de Comunicação Social, Edinho Silva, do Trabalho e Previdência, Miguel Rossetto, da Cultura, Juca Ferreira, do Ministério do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, e da Educação, Aloizio Mercadante.
Dilma falou logo no início da tarde, por telefone, com o ex-presidente, logo depois de encerrar um encontro com prefeitos no Palácio do Planalto, e prestou solidariedade a seu antecessor.
A presidente repetiu a Lula o que havia dito aos dirigentes municipais: que a condução coercitiva de Lula para depor foi uma medida “desnecessária”, disse à Reuters uma fonte palaciana.
Dilma também emitiu uma nota oficial em que declarou seu “integral inconformismo com o fato de um ex-presidente da República que, por várias vezes, compareceu voluntariamente para prestar esclarecimentos perante às autoridades competentes, seja agora submetido a uma desnecessária condução coercitiva para prestar um depoimento”.
Em seu texto, Dilma disse ainda que sempre garantiu a autonomia dos órgãos constitucionais responsáveis por investigações, mas sempre exigiu respeito à lei e aos direitos dos investigados.
“Nesse momento, na qualidade de chefe de Estado, avalio necessário ponderar que todos nós, agentes públicos, independentemente do Poder em que atuamos, devemos ter um profundo senso de responsabilidade em relação ao cumprimento das nossas competências constitucionais. É necessário que as investigações prossigam, para a final punição de quem deve ser punido”, afirmou, ressaltando que “vazamentos ilegais, prejulgamentos antes do exercício do contraditório e da ampla defesa, não contribuem para a busca da verdade, mas apenas servem para animar a intolerância e retóricas antidemocráticas”.
A presidente decidiu ainda fazer um pronunciamento no final da tarde desta sexta-feira para reforçar a defesa do ex-presidente, que foi levado nesta manhã pela PF para prestar depoimento como parte de nova fase da operação Lava Jato.[nL2N16C1K7]
Mercadante, da Educação, assim como Miguel Rossetto, do Trabalho e Previdência, divulgou uma nota afirmando que recebeu “com indignação” a informação da condução coercitiva de Lula, lembrando também que o ex-presidente nunca se negou a prestar qualquer esclarecimento – um discurso que o governo tem repetido à exaustão.
“Defensor que sou do estado democrático de direito, repudio o exagero cometido neste ato e reafirmo meu total apoio e confiança no ex-presidente Lula, de quem acompanho a vida pública e sou companheiro há mais de 40 anos. Lula teve toda uma vida pública comprometida com os direitos e garantias individuais, foi um dos melhores presidentes de nossa história e merece respeito”, diz a nota.