Por Lisandra Paraguassu e Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - A bancada do PMDB no Senado decidiu convocar uma reunião na noite desta quarta-feira para destituir o senador Renan Calheiros (AL) da liderança da bancada do partido na Casa, disseram à Reuters fontes familiarizadas com o assunto.
De acordo com uma das fontes, depois de uma reunião com a maioria da bancada com o presidente Michel Temer, na manhã desta quarta --para a qual Renan não foi chamado--, alguns senadores pediram a Renan que chamasse uma reunião. O senador se recusou e disse que então fizessem uma lista e o destituíssem.
"Renan deve ter apoio de quatro senadores", disse uma das fontes. No total, o PMDB soma 22 nomes no Senado. Roberto Requião (PR), Eduardo Braga (AM) e Kátia Abreu (TO) seriam os nomes ainda leais ao senador.
Uma outra fonte afirma que a decisão de destituir Renan não pode ser apontada como uma crise do partido.
"O partido não está em crise. O que temos é um senador com crise existencial hamletiana, com uma caveira na mão, para ser ou não ser Lula", disse a fonte, referindo-se ao fato de que Renan estaria se reaproximando do ex-presidente para obter seu apoio para as eleições de 2018.
Pesquisas em Alagoas apontam que Renan pode não ser reeleito, mas a popularidade de Lula no Nordeste poderia ajudá-lo.
Durante a reunião da manhã, com Temer, os senadores se queixaram da liderança de Renan, enquanto o presidente pedia o apoio da bancada no Senado. Praticamente desde o momento em que deixou a presidência do Senado e assumiu a liderança do PMDB, Renan tem criticado abertamente o governo, inclusive as reformas trabalhista e previdenciária propostas por Temer.
O Planalto já havia ensaiado um movimento para tirar o senador da liderança, mas optou, em um primeiro momento, tentar abrir um diálogo --o que chegou a ser bem-sucedido por alguns dias, com Renan participando de reuniões no Planalto e amenizando as críticas.
Nos últimos dias, no entanto, depois da decisão do Supremo Tribunal Federal de abrir inquérito contra Temer por corrupção passiva, obstrução da Justiça e participação em organização criminosa, o senador voltou às estocadas e vem defendendo abertamente a saída do presidente e uma eleição indireta para substituí-lo.
Em meio à maior crise que o governo enfrenta, a posição do líder da bancada do partido do presidente passou de um incômodo para um problema. O Planalto, no entanto, deixou a solução para os senadores.