IXMIQUILPAN, México (Reuters) - O presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se encontrarão no final deste mês para discutir comércio, imigração e questões de segurança, enquanto o líder latino-americano enfrenta cada vez mais pressões populistas em seu país.
O porta-voz de Trump, Sean Spicer, disse em entrevista de imprensa no sábado que os dois líderes irão se encontrar em 31 de janeiro, uma semana após autoridades de ambas as administrações terem negociações bilaterais em Washington.
Trump está comprometido a renegociar o Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta) e se retiraria caso não houvesse um "acordo justo", de acordo com o site da Casa Branca.
Peña Nieto, cuja popularidade caiu devido a escândalos de corrupção e à alta da inflação, tem sido criticado pela falta de uma clara estratégia para conter as ameaças de Trump de restringir o comércio e deportar imigrantes ilegais.
Buscando capitalizar sobre o descontentamento, o candidato mexicano à corrida presidencial de 2018 Andres Manuel Lopez Obrador afirmou no sábado que iria viajar para as maiores cidades norte-americanas, começando em fevereiro.
"Chega de ser passivo", disse Lopez Obrador, do partido Morena, de esquerda, em comunicado. "Devemos colocar um plano nacional de emergência para enfrentar o dano e reverter as políticas protecionistas de Donald Trump."
Lopez Obrador, ex-prefeito da Cidade do México, em sua terceira tentativa de concorrer à presidência, disse em comício na cidade fronteiriça de Acuna que ele iria "parar o ódio promovido pela propaganda contra imigrantes".
Muitos no México estão preocupados com outra promessa de Trump, a de que ele fará o México pagar por um muro a ser construído na fronteira, possivelmente por meio de bloqueio de transferências de dinheiro dos Estados Unidos vindas de cidadãos mexicanos.
"Não deveríamos pagar pelo muro", disse Christina Validez, que espera uma transferência bancária de seu marido nos Estados Unidos, em um banco de Ixmiquilpan.
"É o contrário, os presidentes dos Estados Unidos deveriam ser gratos pelo trabalho dos imigrantes que ajudaram na economia."
A área ao redor de Ixmiquilpan, no Estado central de Hidalgo e casa para cerca de 94 mil pessoas, recebeu cerca de 100 milhões de dólares em remessas externas em 2015, de acordo com dados do Banco Central do México, 10 vezes mais que o orçamento anual do governo municipal.
Validez disse depender do dinheiro enviado para pagar as despesas e reclamou de "tudo" ficar mais caro após o governo aumentar os preços da gasolina em 14 por cento no começo do ano.
Saques e protestos violentos ocorreram após a alta da gasolina pelo país. Duas pessoas morreram em Ixmiquilpan em confrontos com a polícia estatal e federal após manifestantes bloquearem uma rodovia e queimarem veículos.
No sábado, mexicanos, muitos com parentes nos Estados Unidos, ficaram por horas na fila de um banco localizado em uma loja de eletrodomésticos no centro da cidade de Ixmiquilpan.
A loja havia reduzido o horário de funcionamento, abrindo apenas brevemente, para processar transferências bancárias e pagamentos depois que os manifestantes irritados com o aumento da gasolina forçaram o fechamento de lojas de grandes corporações, exigindo apoio de empresas locais.
As lojas na cidade de propriedade da Wal-Mart e da operadora de lojas de conveniência Femsa foram forçadas a fechar e ainda estavam fechadas duas semanas depois.
Na sexta-feira, as pessoas se reuniram do lado de fora de uma concessionária da Ford na capital mexicana para protestar contra o cancelamento de um investimento de 1,6 bilhão de dólares que seria feito pela montadora em uma fábrica de automóveis no México, após meses de pressão de Trump.