Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O PSB deve optar pela neutralidade nas eleições presidenciais, uma decisão que terá ainda de ser confirmada na convenção do partido marcada para o dia 5 deste mês, disseram à Reuters duas fontes que acompanham as negociações internas e externas do partido.
Cresceu nas últimas horas, segundo as fontes, o movimento entre os socialistas que defendem a neutralidade e o fortalecimento das candidaturas regionais do partido.
"A posição majoritária agora é essa, com esse sinal forte do PT de retirar a candidatura de Marília Arraes em Pernambuco", disse uma das fontes, lembrando que a neutralidade agrada aos dois diretórios contrários à aliança com o pedetista Ciro Gomes, uma das alternativas mais fortes até agora.
Em São Paulo, o governador Márcio França, candidato à reeleição, queria apoiar o tucano Geraldo Alckmin. Em Pernambuco, o partido preferia o PT justamente para tirar Arraes da disputa com o atual governador candidato à reeleição, Paulo Câmara.
O acordo fechado com o PT inclui a retirada da candidatura de Marília Arraes, que dificultaria a reeleição de Câmara. Em troca, o PT pede a saída de Márcio Lacerda da disputa em Minas Gerais, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters.
Em Pernambuco, segundo as últimas pesquisas locais, Arraes está em empate técnico com Câmara e disputa com o governador eleitorado semelhante. Em Minas, Lacerda está em terceiro lugar, atrás do senador Antonio Anastasia (PSDB) e do atual governador, Fernando Pimentel (PT).
A decisão de retirar a candidatura de Marília Arraes já está tomada pelo partido, desde que o PSB cumpra a parte dele.
O PT havia vinculado a retirada da candidatura da vereadora a uma aliança nacional com o PSB. Mas, nas últimas horas, tentando garantir pelo menos a neutralidade dos socialistas, o partido concordou em se retirar da disputa no Estado e apoiar Câmara, com a contrapartida em Minas.
Na noite de terça-feira, depois de uma reunião entre PSB, PCdoB, PT e PDT, o presidente dos socialistas, Carlos Siqueira, admitiu que o partido poderia chegar a uma posição de não ter "coligação formal" no primeiro turno com nenhum dos três partidos. Siqueira disse que não gostava da palavra neutralidade e não significaria não ter posição, mas apenas não apoiar formalmente nenhum dos "três candidatos que nos interessam".
A neutralidade do PSB acaba com a última chance de Ciro Gomes formar uma aliança significativa para as eleições e deixa o pedetista, que também tentou cooptar o chamado blocão (DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade) e o PCdoB, isolado.
A decisão do PSB também mantém a divisão da esquerda, que deve chegar ao primeiro turno com dois candidatos com alguma força, o próprio Ciro e um eventual substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no caso da impugnação da sua candidatura pelo PT.