SÃO PAULO (Reuters) - A bancada do PSDB na Câmara dos Deputados considerou nesta quarta-feira "um desastre" a defesa apresentada pelo presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em relação as acusações de envolvimento em corrupção e pediu em nota que ele se afaste do comando da Câmara.
Os tucanos justificaram a decisão de defender o afastamento de Cunha ao afirmar que bancada não irá "transigir com a ética". O PSDB também é favorável ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, e cabe a Cunha, como presidente da Câmara, aceitar ou não pedidos de impedimento da presidente.
Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de receber pelo menos 5 milhões de dólares em propina do esquema de corrupção da Petrobras (SA:PETR4).
Ele é também alvo de um inquérito no Supremo por causa de contas bancárias em seu nome e de sua mulher na Suíça e há uma representação no Conselho de Ética da Câmara que pede sua cassação por quebra de decoro por ter supostamente mentido ao negar ter contas no exterior em depoimento à CPI da Petrobras.
No fim de semana, Cunha disse que não é o dono do dinheiro depositado no país europeu, mas sim beneficiário desses recursos. Disse ainda que os recursos que estão nessas contas são legais e resultado de negócios de exportação para a África e de aplicações realizadas em bolsas de valores antes de iniciar sua carreira política.
"Ele precisava provar o que vinha falando. Ele apresentou a defesa, o que acabou sendo um desastre. Não se explicou e não convenceu nem a bancada do PSDB nem o país", disse o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), em entrevista coletiva segundo o site da bancada tucana.
"Não posso prejulgá-lo, pois o responsável por isso é o Conselho de Ética, mas o sentimento da bancada é de que as alegações apresentadas são, até aqui, absolutamente insuficientes para absolvê-lo", acrescentou.
Presentes na entrevista coletiva, os dois integrantes tucanos do Conselho de Ética --Betinho Gomes (PE) e Nelson Marchezan Junior (RS)-- garantiram que seus votos no conselho levarão em conta as provas apresentadas e defenderam um julgamento rápido do presidente da Câmara.
"As provas são bastante contundentes e os partidos de oposição têm o entendimento de que ele não possui mais legitimidade", disse Marchezan.
"Mas, é preciso que fique claro que as provas devem ser analisadas de acordo com o conjunto probatório. O certo é que prevalece o desejo de que isso seja investigado, queremos que a decisão seja rápida e esse é também o desejo da sociedade."
(Por Eduardo Simões)