SÃO PAULO (Reuters) - A Rede entrou com nova representação na Procuradoria-Geral da República pedindo o afastamento do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), do comando da Casa, disse nesta quinta-feira o líder do partido na Câmara, Alessandro Molon (RJ).
Na representação, o partido aponta a retirada pela Mesa Diretora da Câmara do deputado Fausto Pinato (PRB-SP) da relatoria do processo que pede a cassação do mandato de Cunha por quebra de decoro parlamentar no Conselho de Ética da Casa como uma manobra do peemedebista para adiar o processo.
"A destituição do relator do processo contra o deputado Eduardo Cunha evidenciou o quanto ele pode interferir no Conselho de Ética, que infelizmente não está imune às suas manobras", disse Molon, segundo sua assessoria.
"Diante deste novo fato, a Rede entrou com uma outra representação na Procuradoria-Geral da República cobrando o afastamento imediato de Cunha. É fundamental que o Poder Judiciário tome uma providência para pôr fim ao flagrante desrespeito às regras democráticas."
Na véspera, deputados da Rede e do PSOL já haviam entrado com outra representação na PGR pedindo que o órgão busque o afastamento de Cunha da presidência da Câmara no Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com os dois partidos, que assinam a representação contra Cunha no Conselho de Ética, o presidente da Câmara tem usado as prerrogativas do cargo para "safar-se dos crimes cometidos".
Cunha, que é alvo de processo proposto pela Rede e pelo PSOL no Conselho de Ética da Câmara que busca a cassação de seu mandato por quebra de decoro parlamentar, chegou a convocar uma sessão do plenário da Casa enquanto o Conselho de Ética discutia o processo contra ele, o que revoltou adversários.
Ele também aceitou um pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff após os três integrantes do PT no Conselho de Ética anunciarem que votariam contra ele no colegiado.
O peemedebista é acusado de mentir à CPI da Petrobras (SA:PETR4) ao afirmar que não tinha contas bancárias no exterior. Documentos dos Ministérios Públicos do Brasil e da Suíça apontaram a existência de contas em nome de Cunha e de familiares no país europeu.
O presidente da Câmara também responde a inquérito no STF devido a essas contas e foi, ainda, denunciado pela PGR ao Supremo acusado de receber 5 milhões de dólares de propina do esquema de corrupção na Petrobras.
(Reportagem de Eduardo Simões)