Por Dave Graham
CIDADE DO MÉXICO (Reuters) - Os vários candidatos à eleição presidencial de 1º de julho no México que estão atrás de um rival de esquerda trataram de atacá-lo no primeiro debate televisionado da disputa, colocando-o na defensiva, mas sem conseguir induzi-lo a um confronto verbal aberto.
Líder das pesquisas, Andrés Manuel López Obrador foi alvo constante de seu adversário mais próximo, Ricardo Anaya, que se apresentou como a única alternativa viável à Presidência, questionando seu oponente por se esquivar de perguntas e o acusando de hipocrisia.
Insuflado pelo descontentamento maciço com o governista Partido Revolucionário Institucional (PRI) decorrente da corrupção, dos índices recordes de violência e do crescimento lento, López Obrador prometeu fazer uma faxina na política, combater a ilegalidade e enfrentar a desigualdade.
Muitos dos ataques contra ele se concentraram em uma proposta que ele aventou de explorar uma anistia com os criminosos para pacificar o país. No ano passado o México testemunhou seu pior índice de homicídios no governo do presidente Enrique Peña Nieto, que não pode concorrer à reeleição.
"Propor um perdão para criminosos é loucura, e levaria a uma violência imensa no país", disse Anaya.
López Obrador, de 64 anos, quase não respondeu diretamente às críticas, mas após cerca de um quarto do debate concentrado na segurança, na corrupção e na democracia, sua paciência começou a se esgotar.
"Obviamente todos estão contra mim, juntando-se contra mim, vejam", disse o ex-prefeito da Cidade do México.
O candidato independente Jaime Rodríguez reagiu: "Não é se juntar, Andrés, é que você diz qualquer bobagem".
Já tendo concorrido à Presidência duas vezes, López Obrador vem liderando as sondagens há meses, e um levantamento da semana passada do jornal Reforma o mostrou 22 pontos à frente de Anaya.
Em alguns momentos ele pareceu se divertir com o combate verbal, e em outros distraído. A certa altura ele driblou uma série de críticas erguendo um cartaz com os números do Reforma, segundo os quais ele conta com 48 por cento de apoio.
"Não é para me exibir. 48 por cento. Algo terrível teria que acontecer...", acrescentou, sem terminar a frase, e depois disse que seus números crescerão ainda mais. "Esta é a minha resposta".
Anaya, de 39 anos, que lidera uma aliança de direita e esquerda, e José Antonio Meade, do PRI de centro, passaram meses disputando a segunda posição, mas se revezaram atacando López Obrador durante o debate de duas horas.
((Tradução Redação São Paulo, 5511 56447759)) REUTERS ES