MADRI (Reuters) - O líder dos socialistas espanhóis fracassou nesta sexta-feira em obter a confiança do Parlamento para se tornar primeiro-ministro, abrindo uma nova rodada de negociações entre partidos que agora só têm dois meses para superar um impasse de dez semanas e evitar novas eleições.
Em um fato inédito na Espanha, Pedro Sánchez perdeu o seu segundo voto de investidura, assegurando somente o apoio de 131 integrantes de uma Assembleia de 350 para a sua proposta de coalizão, o que colocou o país no caminho de uma segunda eleição em seis meses.
Os partidos espanhóis têm participado de infrutíferas negociações para formar um governo desde que os eleitores cansados das medidas de austeridade e da corrupção, abandonaram os dois principais partidos do país para votar em novas agremiações em eleição realizada em dezembro.
No entanto, as negociações, que têm com frequência resultado em ataques duros que mostram as tensões entre a esquerda e a direita, devem agora continuar num momento em que a economia espanhola está vivendo um recuperação desigual.
Na quarta-feira, quando Sánchez perdeu a primeira votação, o conservador Partido Popular (PP), do primeiro-ministro em exercício, Mariano Rajoy, o antiausteridade Podemos e cinco partidos menores votaram contra o socialista, inviabilizando o acordo de Sánchez com os mais liberais Ciudadanos. Um partido pequeno das Ilhas Canárias também votou a favor de Sánchez.
Até o último minuto, o líder socialista tentou atrair o Podemos para o seu “governo de mudança”, mas o líder do Podemos, Pablo Iglesias, um professor universitário com rabo de cavalo, se manteve numa aliança só com os partidos de esquerda.
"Eu vou continuar trabalhando para conseguir a maioria que esse país precisa”, disse Sánchez a jornalistas depois da votação. “Pablo Iglesias traiu os eleitores do seu partido, e ele é responsável por Rajoy continuar como primeiro-ministro.”
(Por Angus Berwick e Blanca Rodríguez)