BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Michel Temer disse nesta terça-feira que o "ambiente está muito bom" e que há "esperança" para se votar a nova versão da reforma da Previdência no plenário da Câmara.
Segundo o presidente, os partidos da base têm indicado que devem fechar questão em favor da proposta. Isso significa que os deputados têm de seguir a orientação partidária, sob pena de serem punidos até mesmo com a expulsão da legenda.
Essa sugestão de fechamento de questão foi feita em reunião promovida por Temer no fim de semana com presidentes de partidos.
Questionado sobre o que teria feito o clima mudar, o presidente disse que, primeiro, houve um "bom esclarecimento" sobre a reforma porque ocorreu uma campanha equivocada contra o texto.
"Nós conseguimos transmitir exatamente aquilo que vai acontecer com a Previdência", disse, em rápida entrevista em meio à recepção que fez ao presidente da Bolívia, Evo Morales.
Temer disse que o segundo ponto é que houve uma compreensão por parte da imprensa, que ele disse que está "colaborando". "Vocês batem em mim, mas não batem na Previdência, é alguma coisa. Se não bater na Previdência, é bom para mim", afirmou.
O presidente disse ainda que sente que a população está compreendendo a "indispensabilidade" da Previdência. Segundo ele, ou se faz uma reforma agora e outra daqui a 8, 10 anos, ou terá de ser feita uma daqui a 2 anos "inteiramente radicalizada".
Apesar do otimismo, Temer não quis garantir que a proposta será votada em primeiro turno na Câmara dos Deputados na próxima semana. Disse apenas que está "conversando muito", mas destacou que só quer apreciar a matéria se tiver votos, como tem defendido o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
São necessários os votos de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação para aprovar a reforma na Câmara e encaminhá-la ao Senado, que também precisa analisar a matéria.
O presidente admitiu que o governo poderá garantir um novo aporte bilionário de recursos para prefeitos, caso a reforma da Previdência seja aprovada. Essa é uma das estratégias do Executivo para tentar assegurar apoios para a reforma. Ele disse que, desde o ano passado, houve a divisão de repasse das multas da repatriação com os prefeitos.
"Se a Previdência for aprovada, evidentemente que a economia vai ter um novo salto, porque salto ela já deu e com esse novo salto nós podemos prestigiar mais ainda os municípios. Já falamos isso a deputados e senadores", disse.
MEIRELLES
Na linha do que disse mais cedo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, Temer não quis polemizar com as declarações dadas pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, de que o governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, pode não ser o candidato apoiado pelo Palácio do Planalto na eleição presidencial do ano que vem.
Meirelles, filiado ao PSD, não descarta ser candidato à Presidência em 2018 e afirmou que tomará uma decisão sobre a candidatura no final de março do ano que vem.
"Ele (Meirelles) fez uma declaração, enfim, de acordo com as concepções dele, mas nada agressivo com o PSDB. Não achei que a fala dele tenha sido agressiva em relação ao PSDB. Foi uma análise, digamos, sociológica", afirmou.
(Por Ricardo Brito; Edição de Eduardo Simões)