BRASÍLIA (Reuters) - O presidente interino Michel Temer voltou a afirmar nesta sexta-feira que seu governo não tomará medidas que prejudiquem os trabalhadores, mas insistiu, em conversa com dirigentes de centrais sindicais sobre a reforma da Previdência, na tese da idade mínima para aposentadoria.
Com menos de um mês à frente do Executivo, Temer já elencou a reforma da Previdência como prioridade e tem demonstrado simpatia pela definição de uma idade mínima. A ideia é refutada por sindicalistas, que devem apresentar uma proposta ao governo na próxima segunda-feira sobre a questão.
"Não vamos fazer nada contra os trabalhadores", afirmou o presidente, em declaração divulgada no Twitter, durante almoço com aproximadamente 80 dirigentes sindicais no Palácio do Jaburu. "Temos que fazer mudanças por meio do diálogo. Vamos nos entendendo em nome do país".
Um dos líderes sindicais presentes no almoço com Temer nesta sexta-feira, o deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), da Força Sindical, negou que haja "impasse" com o governo, mas admitiu a necessidade de aprofundar o diálogo.
"Vamos continuar discutindo. O governo insiste com a idade mínima e as centrais sindicais não concordam. Vamos em frente, tem tempo para discutir a previdência", afirmou. "Na segunda-feira vamos apresentar nossa proposta... esperamos que o governo faça uma contra-proposta, não sei se no mesmo dia".
O deputado relatou que as centrais terão uma nova reunião na segunda-feira com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, ocasião em que apresentarão sugestões para o problema da previdência.
Segundo ele, as centrais defendem medidas que poderiam solucionar "de imediato" o problema, como a criação de um programa de refinanciamento de dívidas de empresas junto à Previdência, a venda de prédios do órgão que não são utilizados e, ainda, a regulamentação de jogos de azar com repasse de parte dessa possível arrecadação para o pagamento de pensões e aposentadorias.
Outra alternativa seria alterar a participação do agronegócio na Previdência, afirmou.
"Estamos sugerindo que o agronegócio pague como todo brasileiro paga... o agronegócio paga metade do que paga qualquer empresa brasileira", afirmou o deputado.
Segundo Paulinho da Força, sindicalistas aproveitaram o almoço para defender a edição de uma medida sobre acordo de leniência dirigida a empresas que têm altos dirigentes presos investigados pela operação Lava Jato, e ainda uma renovação da frota do setor automobilístico.
"Acho que isso foi bem entendido pelo presidente, espero que nos próximos dias a gente possa ter novidades", disse.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)