(Reuters) - O presidente Michel Temer vai lançar um pacote para estimular a economia e aposta na aprovação de medidas econômicas no Congresso para conter a crise política agravada pelo vazamento de acordo de delação premiada de um ex-executivo da Odebrecht citando o presidente e aliados próximos, de acordo com jornais desta segunda-feira.
Temer realizou uma reunião no domingo no Palácio do Jaburu com o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o secretário do Programa de Parceria de Investimentos, Moreira Franco, e parlamentares para discutir a situação.
No encontro, foi debatida a aceleração de um pacote de estímulos à economia que já vem sendo estudado pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, e deve ser anunciado nesta semana.
"A prioridade do governo do presidente Temer de fato é o ajuste fiscal, a recuperação da economia, a retomada dos investimentos", disse o líder do PSD na Câmara, Rogério Rosso, após o encontro, acrescentando que a delação da Odebrecht na Lava Jato não vai interferir no ajuste fiscal.
"Nada vai tirar o foco do ajuste fiscal, são coisas independentes. Ele (Temer) inclusive vai chamar a equipe econômica para os últimos detalhes de um pacote que ele vai lançar, provavelmente esta semana, um pacote para reativar a economia em uma série de ações", acrescentou.
Uma das medidas, de acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, será o anúncio do Programa de Sustentação ao Emprego (PSE), com investimento previsto de 1,3 bilhão de reais. Outras medidas envolvem ações nas áreas regulatórias, de crédito e competitividade, com o objetivo de melhorar o ambiente de negócios, acrescentou o jornal.
À noite, Temer participou de um jantar com deputados da base aliada na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), em que fez um apelo aos parlamentares pela aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 e a admissibilidade da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça da Casa, segundo o jornal O Globo.
Além das medidas econômicas, outra aposta do presidente para tentar reduzir a crise é um acordo definitivo com o PSDB, de acordo com o jornal Folha de S.Paulo. A nomeação do líder do partido na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), para assumir a Secretaria de Governo deve ser a principal medida nesse sentido, segundo o jornal.
A temperatura política voltou a subir em Brasília com o vazamento de delação do ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht Claudio Melo Filho, que citou recursos repassados a líderes peemedebistas.
Foram citados o presidente Michel Temer, o ministro Eliseu Padilha, o secretário Moreira Franco, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), o presidente da Casa, Renan Calheiros (AL), e o líder do governo no Congresso, Romero Jucá (RR), além de políticos de outros partidos, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.
Os políticos negaram qualquer irregularidade.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)