Por Steve Holland
WEST PALM BEACH, Estados Unidos (Reuters) - Donald Trump negou nesta quinta-feira acusações de apalpar mulheres em uma polêmica crescente sobre comportamento impróprio com mulheres que está prejudicando as chances de o candidato presidencial republicano vencer a eleição de 8 de novembro nos Estados Unidos.
Sua rival democrata, Hillary Clinton, o jornal New York Times e outros veículos de mídia estão empenhados em uma tentativa "mal intencionada" de detê-lo, disse Trump em um comício em West Palm Beach, no Estado norte-americano da Flórida.
"Estas alegações são todas fabricadas. São pura ficção e são mentiras deslavadas. Estes eventos jamais, jamais aconteceram", afirmou o empresário, acrescentando que em algum momento irá tornar públicos indícios que irão refutar as imputações.
"Estas alegações mal intencionadas contra mim sobre comportamento impróprio com mulheres são total e absolutamente falsas. E os Clinton sabem disso e sabem bem."
Trump se pronunciou depois de o New York Times noticiar na noite de quarta-feira que duas mulheres sofreram agressões sexuais do candidato, e várias outras fizeram alegações semelhantes em outros veículos de mídia, aumentando a pressão sobre Trump no momento em que ele aparece atrás de Hillary em pesquisas de opinião.
A campanha de Trump já está em dificuldades para conter uma crise desencadeada por um vídeo de 2005 que mostra Trump se vangloriando despudoradamente sobre como apalpa mulheres e faz insinuações sexuais indesejadas.
Uma delas, Jessica Leeds, apareceu em um vídeo no site do New York Times contando como Trump apertou seus seios e tentou colocar a mão por dentro de sua saia durante um voo a Nova York em meados de 1980.
A segunda mulher, Rachel Crooks, descreveu como Trump "me beijou diretamente na boca" em 2005 do lado de fora do elevador da Trump Tower em Manhattan, onde ela trabalhava como recepcionista de uma imobiliária.
Na noite de quarta-feira, a campanha do magnata divulgou uma carta enviada ao jornal por Marc Kasowitz, um advogado que representa Trump, exigindo que a publicação se retrate da reportagem, que chamou de difamatória, e ameaçando uma ação legal se não o fizer.
"Este artigo inteiro é ficção, e o New York Times lançar um assassinato de caráter completamente falso e coordenado contra o senhor Trump em um tópico como este é perigoso", disse o assessor sênior de comunicações da campanha de Trump, Jason Miller, em um comunicado.
A Reuters não conseguiu verificar os incidentes de forma independente. Leeds e Crooks não responderam de imediato a pedidos de comentários feitos pela Reuters.
O New York Times disse nesta quinta-feira que mantém sua reportagem e rejeitou as acusações de que o artigo foi difamatório.
"Nada em nosso artigo teve o menor efeito na reputação que o senhor Trump, através de suas palavras e ações, já criou por si mesmo", disse David McCraw, vice-presidente e conselheiro-assistente geral do jornal, em uma carta ao advogado do magnata.
A primeira-dama Michelle Obama criticou Trump em termos contundentes em um discurso de campanha de Hillary em New Hampshire nesta quinta-feira. Ela descreveu o republicano como "um indivíduo poderoso falando livre e abertamente sobre comportamento sexual predatório".
A matéria vem à tona dois dias depois de uma pesquisa de opinião Reuters/Ipsos ter revelado que um de cada cinco republicanos acha que os comentários de Trump sobre apalpar mulheres o desqualificam para a Presidência e o colocado 8 pontos percentuais atrás da candidata democrata Hillary Clinton entre eleitores prováveis – o voto é facultativo nos Estados Unidos.