Por Steve Holland e Jeff Mason
JERUSALÉM (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nesta segunda-feira que os temores em comum a respeito do Irã estão aproximando Israel e muitos Estados árabes e exigiu que Teerã encerre imediatamente seu apoio militar e financeiro a "terroristas e milícias".
Ao enfatizar as ameaças iranianas, Trump ecoou um tema abordado durante reuniões do final de semana com líderes muçulmanos de todo o mundo na Arábia Saudita, muitos deles receosos com a influência regional e o poderio financeiro crescentes da República Islâmica.
Trump, que falou depois de chegar a Israel no que se acredita ter sido o primeiro voo direto da Arábia Saudita com esse destino, também prometeu fazer o que for necessário para mediar a paz entre israelenses e palestinos. Ele tratou a questão como "o acordo definitivo", mas na véspera de sua visita à Terra Santa deu poucos indícios de como poderia ressuscitar as negociações abandonadas em 2014.
Ele se concentrou no Irã nas conversas com líderes israelenses em Jerusalém no primeiro de seus dois dias de viagem, prometendo que jamais permitirá que Teerã adquira armas nucleares e dizendo que o acordo firmado pelo governo de seu antecessor, Barack Obama, com o regime precisa ser reparado.
"O que aconteceu com o Irã trouxe muitas das partes do Oriente Médio para o lado de Israel", disse Trump em uma reunião com o presidente israelense, Reuven Rivlin.
Trump foi recebido calorosamente por líderes árabes em Riad, especialmente devido à sua postura dura com Teerã, que muitos Estados árabes sunitas acreditam estar buscando o controle regional.
Em seus comentários a Rivlin e ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, o líder norte-americano pareceu contemplar a formação de uma coalizão regional para se contrapor ao que descreveu como o envolvimento do xiita Irã em conflitos na região, ao invés de novos esforços para retomar as conversas de paz israelo-palestinas.
"Onde quer que vamos, vemos os sinais do Irã", disse Trump a Netanyahu, mencionando sua influência crescente nos conflitos na Síria, no Iêmen e no Iraque, onde está apoiando combatentes xiitas ou enviou suas próprias forças.
Israel compartilha a antipatia que muitos países têm pelo Irã, vendo-o como uma ameaça à sua existência.
Trump, que faz sua primeira turnê ao exterior desde que tomou posse, exortou o Irã a cessar "seu financiamento, treinamento e equipamento mortais para terroristas e milícias".
Recém-reeleito, o pragmático presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse que a estabilidade regional não pode ser obtida sem a ajuda de sua nação e acusou Washington de apoiar o terrorismo com seu apoio aos rebeldes sírios.
Ele disse que a reunião na Arábia Saudita "não teve valor político e não dará resultados".
A viagem de Trump transcorre à sombra de suas dificuldades nos EUA, onde sofre para conter um escândalo crescente desde que demitiu o então diretor do FBI, James Comey, quase duas semanas atrás.