Por Steve Holland
WASHINGTON (Reuters) - À altura em que Donald Trump e sua equipe começaram a saborear hambúrgueres e hot dogs em uma festa na Casa Branca na noite de terça-feira, o presidente norte-americano estava pronto para as más notícias da eleição.
Seus aliados mais próximos tentaram fazê-lo ver o lado positivo.
Tendo dormido poucas horas na esteira de um último dia de campanha intenso, Trump passou a maior parte da terça-feira no telefone, informando-se com amigos e assessores e conversando com autoridades estaduais e nacionais do Partido Republicano e com funcionários da Casa Branca para ter ideia do que esperar.
O que ele ouviu deles foi que os republicanos provavelmente perderiam o controle da Câmara dos Deputados, mas continuariam no comando do Senado, ganhando cadeiras para a maioria que já têm na casa.
Por isso não houve choque quando se soube que as projeções estavam essencialmente corretas.
"É decepcionante, mas não é surpreendente", disse Kellyanne Conway, uma das principais conselheiras de Trump.
A perda da Câmara significa que Trump enfrentará investigações de parlamentares democratas sobre seus impostos de renda, seus negócios e seu governo. Sua agenda legislativa, inclusive uma proposta vaga para um corte de impostos para a classe média, também deve ser travada.
Na festa para acompanhar a votação, Trump estava otimista. Em seu único comentário público na noite de terça-feira, ele tuitou: "Tremendo sucesso esta noite. Obrigado a todos vocês!"
Mas um assessor disse que o presidente provavelmente não está preparado para a onda de investigações que os democratas devem iniciar.
"Não acho que ele compreende totalmente o que significa dar o martelo a Nancy Pelosi (líder democrata na Câmara) e seus comparsas", disse ele, pedindo para não ser identificado.
Alguns assessores de Trump já estavam atribuindo a culpa pela perda esperada de 30 cadeiras na Câmara anonimamente, com ênfase para Corry Bliss, chefe de um comitê de ação política que distribuiu dinheiro para candidatos republicanos à Câmara, e Ronna McDaniel, presidente do Comitê Nacional Republicano.
Também houve queixas de Paul Ryan, presidente republicano da Câmara que anunciou planos de renunciar no final do ano, em vez sair mais cedo.
Mas Trump e seus assessores expressaram satisfação com o fato de as derrotas não terem sido tão ruins quanto foi previsto por estrategistas, segundo os quais uma "onda azul" democrata levaria 40 assentos da Câmara.