DETROIT, Estados Unidos (Reuters) - O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou tentativa de ganhar os votos das minorias em um discurso a uma igreja majoritariamente negra em Detroit, neste sábado, pedindo por uma nova agenda de direitos civis para ajudar os afro-americanos.
Enquanto manifestantes gritavam "sem Justiça, sem paz" no lado de fora da igreja, Trump disse que queria recuperar a economia de Detroit, uma cidade predominantemente afro-americana que acaba de se recuperar da falência, repatriando empresas.
Trump reuniu-se separadamente com 100 líderes da comunidade e da igreja, disse sua campanha, na mais recente tentativa de atrair o voto das minorias das mãos da candidata democrata Hillary Clinton.
Ao tentar se aproximar das minorias nas últimas semanas, Trump tenta melhorar suas chances na eleição de 8 de novembro e se livrar de meses de ofensas a negros e hispânicos, com sua linha dura em temas imigratórios e retórica tosca.
"Eu entendo completamente que a comunidade afro-americana está sofrendo discriminação e que há muitos erros que ainda precisam ser corrigidos", disse Trump, na igreja que estava com metade da sua capacidade preenchida. "Quero tornar a América próspera para todos. Quero tornar essa cidade a inveja econômica do mundo, e podemos fazer isso."
O discurso de aproximadamente 10 minutos na igreja Internacional Ministros da Grande Fé recebeu momentos de aplausos, inclusive quando ele disse que a fé cristã não é o passado, mas o presente e o futuro.
Ao lado de Trump na igreja estava Ben Carson, o ex-candidato republicano que cresceu na cidade e cujo bairro de infância foi visitado por Trump no sábado.
Trump argumentou que seu foco na criação de empregos ajudará as comunidades minoritárias de uma maneira que os democratas não conseguiram fazer. Pesquisas de opinião mostram que Trump tem pouco apoio entre as minorias.
"Eu acredito que precisamos de uma agenda de direitos civis para o nosso tempo, uma que garanta direitos a uma boa educação, que é tão importante, e o direito de viver em um emprego que paga bem e para o qual você ame ir todas as manhãs", disse Trump.
"Isso pode acontecer. Precisamos trazer nossas empresas de volta", acrescentou.
Emma Lockridge, 63 anos, disse, ao entrar na igreja, que considerou seus comentários sobre mexicanos e muçulmanos "odiosos".
"Essa é minha maior reserva em relação ao senhor Trump, como ele tratou esses grupos de pessoas", disse Lockridge, que é aposentada e uma ativista ambiental.
Mas ela disse que também tem preocupações em relação ao apoio de Clinton, nos anos 1990, à legislação criminal assinada pelo seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, a qual muitos americanos negros afirmam ter contribuído para as altas taxas de prisão na comunidade.
Vikci Dobbins, uma ativista protestando no lado de fora da igreja, disse que estava decepcionada pela igreja ter chamado Trump para discursar.
"Acredito que Trump em Detroit é uma piada e estou envergonhada que o pastor o convidou", disse. "Na minha opinião, ele traiu todo mundo."