BOGOTÁ (Reuters) - O ex-presidente colombiano Álvaro Uribe, acusado de interferir com testemunhas e de suborno, pediu ao Senado nesta quarta-feira que ignore sua carta de renúncia para que seu caso permaneça na Suprema Corte.
Uribe, que comandou o país entre 2002 e 2010 e montou uma ofensiva militar contra guerrilhas marxistas, disse na segunda-feira que renunciaria à sua cadeira no Senado para se concentrar em sua defesa depois que a Suprema Corte o intimou a depor.
Uribe, de 66 anos, é mentor do presidente eleito Iván Duque, que venceu a eleição de 17 de junho como candidato de seu partido de direita, Centro Democrático.
O ex-presidente é investigado pelo tribunal devido a alegações de que fez acusações falsas e interferiu com testemunhas em um caso que ele mesmo iniciou fazendo acusações semelhantes contra o senador de esquerda Iván Cepeda.
Inimigos políticos acusaram Uribe de renunciar ao Senado para que seu caso possa ser investigado em instâncias comuns, e não na Suprema Corte, que ele afirma tratá-lo com preconceito.
"Pedi ao senador Ernesto Macías, presidente do Congresso, para retirar, sem considerá-la, minha carta de renúncia. Por motivos de honra, nunca passou pela minha cabeça que a Suprema Corte não ouvirá o caso para o qual estão me intimando a depor", tuitou Uribe.
Seus advogados não responderam de imediato a um pedido de comentário.
Em 2012, Uribe acusou Cepeda de orquestrar um complô para ligá-lo falsamente a grupos paramilitares de direita durante visitas a ex-combatentes na prisão.
Mas em fevereiro a Suprema Corte, encarregada de investigar questões criminais envolvendo parlamentares, disse que Cepeda reuniu informações de ex-paramilitares durante seu trabalho como senador e que não os remunerou ou pressionou. Ao invés disso, afirmou, é Uribe quem está em falta.
Se condenado, Uribe pode ir para a prisão.
Ele continua sendo uma figura polarizadora na política colombiana, já que seu partido tentou impedir um acordo de paz com rebeldes marxistas. Ele e sua família vêm sendo acusados há tempos pela oposição de terem envolvimento com paramilitares, mas investigações anteriores renderam poucos frutos.
(Por Helen Murphy)