DUBAI/RIAD (Reuters) - O programa de privatizações de 300 bilhões de dólares da Arábia Saudita recebeu o título de venda do século quando o príncipe Mohammed bin Salman revelou seu plano ao som de grandes celebrações. Dezenove meses depois, o programa ainda caminha a passos de tartaruga, dizem banqueiros, investidores e analistas familiarizados com o processo.
Os principais problemas citados por eles são a grande burocracia, uma estrutura legal inadequada, mudanças frequentes de prioridade em departamentos do governo e cansaço entre investidores.
Alguns também culpam uma postura de "esperar para ver" adotada por muitos investidores devido a incertezas sobre as consequências econômicas de uma campanha de combate a corrupção na qual dezenas de membros da família real, ministros e autoridades foram enquadrados no início de novembro.
A listagem da estatal petrolífera Saudi Aramco —que sozinha deverá arrecadar até 100 bilhões de dólares— está se encaminhado para acontecer no próximo ano, disse o príncipe Mohammed à Reuters em outubro. No entanto, o governo ainda precisa escolher uma bolsa estrangeira que vai tratar —junto ao mercado saudita— com o que deve ser a maior oferta de ações da história.
Setores em que o processo de privatização tem estado lento incluem grãos, serviço de Correios e sistema de saúde.
"Vai levar mais tempo (do que muitos esperavam)", disse um banqueiro saudita que trabalhou com transações à Reuters.
"Há obstáculos da mudança de prioridades no governo e no plano micro, uma vez que essas são instituições antigas que muitas vezes não mantiveram registros e não estão adequadas ao rigor das privatizações."
(Por Tom Arnold, Saeed Azhar e Katie Paul; reportagem adicional de Reem Shamseddine e Alex Cornwell)