O cientista político Sérgio Abranches afirmou nesta quarta, 23, que há duas hipóteses para a gestão do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A primeira é de uma administração com partidos aliados em ministérios e o PT como âncora, enquanto a segunda é de um governo de frente democrática.
"Na primeira hipótese, o grupo de transição terá função de fazer diagnóstico do processo de transição e será um espelhado ampliado do governo. Portanto haverá certa correspondência entre o grupo e a composição final da coalizão do governo. No plano político isso significa premiar mais e dar preferência forte aos que estiveram na coligação original", disse.
"Na segunda, a transição tem uma função completamente diferente, faz diagnóstico e propõe soluções emergenciais de política pública, mas não sai um ministério da equipe de transição. Os ministérios saem de outro plano de negociação que terá início quando Lula chegar a Brasília."
Para Abranches, a primeira hipótese abre espaço para um cenário de gasto fiscal sem controle e instabilidade da dívida pública. Na segunda, por outro lado, "gasta-se um pouco nos primeiros anos com uma certa liberdade, mas se encontra uma âncora fiscal que permite que a trajetória da dívida pública seja sustentável e aponte para um ponto futuro de equilíbrio."
O cientista político afirmou que no momento não aposta no pior cenário, levando em consideração a série de afirmações de Lula de que fará um governo de frente e não do PT."
As falas ocorreram durante o 17º Seminário Internacional da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (SIAC).