O senador Davi Alcolumbre (União-AP), considerado o favorito para assumir o comando da Casa em 2025, seguiu majoritariamente o posicionamento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas votações feitas durante o 3º mandato do petista.
Segundo levantamento do Poder360, o congressista repetiu o voto do líder do Governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), em 55 das 68 análises nominais – quando há registro individual aberto– em que ambos votaram em 2023 e 2024. Corresponde a uma taxa de governismo de 80%.
O número considera votações de projetos de lei, medidas provisórias, mudanças na Constituição, requerimentos e emendas. Os posicionamentos representam uma parte dos votos. Há projetos analisados em que votação é secreta ou simbólica (sem registro individual). Há ainda abstenções, faltas e licenças.
PROJETOS PRIORITÁRIOS: 71%
O governismo de Alcolumbre se mantém nas propostas consideradas relevantes pelo Planalto. Foram analisados 17 projetos mais importantes para o governo: o senador votou com Lula em 12 –ou 71%.
Dentre as propostas que o senador chancelou estão projetos da pauta econômica, como a reforma tributária –a principal vitória do governo no Legislativo– e o arcabouço fiscal, que substituiu o teto de gastos.
Também votou a favor do Mover (Programa de Mobilidade Verde e Inovação), uma proposta de política industrial do Mdic (Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) chefiado por Geraldo Alckmin (PSB-SP), ministro e vice-presidente da República.
VOTOS CONTRÁRIOS
Alcolumbre, no entanto, se posicionou contra duas bandeiras sociais caras à esquerda:
- PEC das Drogas;
- Marco Temporal, relacionado à demarcação de terras indígenas.
ALCOLUMBRE BUSCA AVAL DO GOVERNO
A bancada do PT no Senado tem evitado se posicionar na disputa para a Presidência da Casa. Os petistas aguardam uma definição dos nomes.
A avaliação é que, para ter o apoio do Planalto, Alcolumbre precisa externalizar o que pretende fazer, caso eleito, e como tratará propostas que afetam o governo.
Integrantes da bancada governista afirmaram a este jornal digital que será Lula a bater o martelo. O presidente havia informado que não exerceria qualquer tipo de influência nas disputas pela presidência da Câmara e do Senado, mas atuou nos bastidores para esvaziar a candidatura de Elmar Nascimento (União-BA) na Casa Baixa.
O governo não pretende declarar apoio explícito a nenhum dos candidatos para afastar a hipótese de ter um eventual adversário no comando do Senado. Mas, segundo senadores petistas, o cenário ideal é não ter o mesmo partido comandando as duas Casas –com o enfraquecimento de Elmar, a candidatura de Alcolumbre sai fortalecida.
Alcolumbre, entretanto, busca o apoio do governo. O PT conta com 9 votos no Senado. Por isso, o senador pelo Amapá reuniu-se com Jaques Wagner em setembro. O encontro foi intermediado pelo presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O congressista já recebeu oficialmente o apoio do PDT, partido que faz parte da base aliada do governo.