O Ministério da Saúde da Palestina afirmou nesta 3ª feira (10.out.2023) que os bombardeios de Israel à Faixa de Gaza estão danificando a estrutura hospitalar da região. Segundo as autoridades, a ofensiva israelense também intensificou a escassez de medicamentos e equipamentos médicos.
Em nota à imprensa, o órgão afirma que os ataques israelenses em Gaza resultaram em “danos significativos” que levaram à interrupção dos serviços em centros hospitalares, entre eles os hospitais Abdel Shafi e o Shuhada al-Rimal, nas proximidades do ministério.
“O Ministério da Saúde confirma que os danos resultantes desses ataques às instalações de saúde na Faixa de Gaza têm um impacto negativo na prestação dos serviços de saúde necessários à população durante este período crítico”, afirmam.
De acordo com as autoridades, os “repetidos” e “sistemáticos” ataques contra instalações de saúde representam uma séria “ameaça” à capacidade de fornecer assistência médica aos pacientes feridos, diante da “escalada contínua da agressão contra o povo palestino”.
صور تظهر الاضرار التي لحقت بقسم الحضانة بمجمع الشفاء الطبي اثر استهداف الاحتلال لمحيط المجمع pic.twitter.com/l0F5EAZnwa— وزارة الصحة – فلسطين (@MOH_PR) October 9, 2023
Na 2ª feira (9.out), o Ministério da Saúde também alertou sobre a falta de medicamentos essenciais na Faixa de Gaza, afirmando que a região já “sofria de grave escassez” de remédios antes do início do conflito, mas que a “agressão israelense agravou ainda mais essa situação”.
O Ministério da Saúde também afirmou no texto que os ataques de Israel contra a região atingiram ambulâncias e causaram a morte de profissionais de saúde, sendo 5 vítimas até a 2ª feira (9.out).
O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, determinou um “cerco completo” à Faixa de Gaza na 2ª feira (9.out). Segundo Gallant, eletricidade, alimentos, combustível e água não serão fornecidos.
Até agora, o número oficial de mortos no conflito está em 1.900 pessoas. De acordo com a última atualização do Ministério da Saúde da Palestina, publicada nesta 3ª feira (9.out), 900 são palestinos. Entre os israelenses, o conflito já causou mais de 1.000 baixas, segundo a CNN.
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.
O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, árabes recusaram a divisão, alegando terem ficado com as terras com menos recursos.
ATAQUE A ISRAEL
O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um que ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.
Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.
O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.