O Hamas afirmou nesta 3ª feira (10.out.2023) que os comentários do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, sobre a guerra em Israel são uma tentativa de “encobrir os crimes e o terrorismo“ contra os palestinos e apoiar a “ocupação” do território no Oriente Médio. O grupo extremista pediu que os EUA reavaliem sua política de “duplo padrão” a favor do Estado judeu.
Em declaração divulgada em canal de mensagens no Telegram, a organização afirmou que defende a “resistência” e o direito do povo palestino à “liberdade” e “autodeterminação”. O Hamas disse ainda que busca “pôr fim à ocupação israelense e garantir Jerusalém como sua capital”.
Acompanhado da vice-presidente, Kamala Harris, e do secretário de Estado, Antony J. Blinken, Biden, afirmou nesta 3ª feira (10.out) que o Hamas mantém cidadãos norte-americanos como reféns. Não especificou quantos são. Também disse que os EUA enviarão assistência militar adicional para Israel.
O norte-americano, que mantém contato com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que apoia os israelenses e lembrou que tanto os EUA quanto Israel são democracias e devem agir “de acordo com o Estado de Direito”.
Segundo a organização, o discurso feito presidente dos EUA não mencionou os “massacres” cometidos pelo Exército de Israel contra a Palestina e a Faixa de Gaza.
“Seu pronunciamento incluiu falácias políticas e legais que claramente apoiam a ocupação colonial mais hedionda no Oriente Médio e oferecem total cobertura para que a ocupação israelense continue suas atrocidades contra mulheres, crianças e idosos indefesos”, afirmou.
O Hamas se definiu como “um movimento de libertação nacional que luta contra uma ocupação colonial repreensível e defende seu povo e seus direitos à liberdade e autodeterminação”. Afirmou que a ofensiva contra Israel, que começou no sábado (7.out), foi lançada para defender o povo palestino e “pôr fim à agressão, ao cerco e à ocupação israelense”.
Na 2ª feira (9.out), líderes dos EUA, França, Alemanha, Itália, Reino Unido emitiram uma declaração conjunta em apoio a Israel e condenaram o Hamas por suas “ações terroristas”. A nota afirmou que os países apoiarão Israel em seus esforços de autodefesa e na “proteção de seu povo”. Leia a íntegra, em inglês (PDF – 122 kB).
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.
O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, árabes recusaram a divisão, alegando terem ficado com as terras com menos recursos.
ATAQUE A ISRAEL
O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um que ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.
Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.
O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.
Saiba mais sobre a guerra em Israel:
- o grupo extremista Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel em 7 de outubro e assumiu a autoria dos ataques no dia seguinte;
- cerca de 2.000 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza. Extremistas também teriam se infiltrado em cidades israelenses –há relatos de sequestro de soldados e civis;
- Israel respondeu com bombardeios em alvos na Faixa de Gaza;
- o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou (8.out) guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo;
- líderes mundiais como Joe Biden e Emmanuel Macron condenaram os ataques –entidades judaicas fizeram o mesmo;
- Irã e o grupo extremista Hezbollah comemoraram a ação do Hamas –saiba como é o interior de túneis usados pelo Hezbollah na fronteira entre o Líbano e Israel;
- o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, determinou na 2ª feira (9.out) um “cerco completo” à Faixa de Gaza. Segundo a ONU, ação é proibida pelo direito humanitário internacional;
- O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky comparou o conflito à guerra na Ucrânia. Afirmou que o Hamas é uma “organização terrorista”, enquanto a Rússia pode ser considerada um “Estado terrorista”;
- Lula chamou os ataques do Hamas de “terrorismo”, mas relativizou episódio;
- Haverá uma operação do governo para repatriar brasileiros em áreas atingidas pelos ataques. Serão 5 voos para buscar 900 pessoas. O 1º avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para resgate pousou em Tel Aviv nesta 3ª feira (10.out). A operação deve ser concluída na 5ª feira (12.out);
- Embaixada de Israel no Brasil chamou Hamas de “ramo” do regime iraniano;
- Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, também se pronunciaram e fizeram apelo pela paz;
- Bolsonaro (PL) repudiou os ataques e associou o Hamas a Lula;
- O Itamaraty confirmou a morte de 1 brasileiro, outro 2 seguem desaparecidos;
- ENTENDA – saiba o que é o Hamas e o histórico do conflito com Israel;
- ANÁLISE – Conflito é entre Irã e Israel e potencial de escalada é incerto;
- OPINIÃO – Dias incertos para o mercado de petróleo, escreve Adriano Pires;
- FOTOS E VÍDEOS – veja imagens da guerra na playlist especial do Poder360 no YouTube.
Leia também:
- Líder da Palestina pede intervenção da ONU na Faixa de Gaza;
- Esperamos que o Brasil lidere condenação ao Hamas, diz embaixador;
- Ministério da Saúde palestino alerta sobre falta de medicamentos;
- Família confirma a morte de 2ª vítima brasileira em Israel;
- Putin diz que guerra é resultado da “falha da política dos EUA”;
- “Playboy” demite Mia Khalifa por atriz celebrar ataque do Hamas.