Se recém empossado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abriu discurso no Congresso neste domingo para apontar a herança maldita que recebe do antecessor, há quatro anos, Jair Bolsonaro mirou nos petistas. Ao falar para deputados e senadores, pouco depois de assinar o termo de posse em 2019, Bolsonaro se apresentou como quem iria livrar o país da corrupção.
Nos quatros anos de mandato, o agora ex-presidente acabou vendo sua gestão envolvida em casos de irregularidades, como a atuação de um governo paralelo operado por pastores no Ministério da Educação. "Aproveito este momento solene e convoco cada um dos congressistas para me ajudarem na missão de restaurar e de reerguer nossa pátria, libertando-a, definitivamente, do jugo da corrupção, da criminalidade, da irresponsabilidade econômica e da submissão ideológica", discursou no Congresso.
Reforçando o discurso de amor à pátria, palavra que incorporou ao slogan de governo, Bolsonaro conclamava que era o momento de restar "a esperança dos nossos compatriotas". E disse que iria valorizar a família, respeitar as religiões. As palavras seriam o mantra do então presidente levadas para a campanha eleitoral de 2022, em que tentou convencer eleitores de que Lula era uma ameaça a "valores tradicionais".
"Minha campanha eleitoral atendeu ao chamado das ruas e forjou o compromisso de colocar o Brasil acima de tudo e Deus acima de todos", declarou. No mesmo discurso, falou em proteger a democracia. Quatro anos depois, fez inúmeros movimentos para por em dúvida o processo eleitoral e ainda ameaçar não respeitar o resultado das urnas. Derrotado, fez um último pronunciamento indicando as "alternativas" à posse de Lula não vingaram. Terminou sem apoio do Congresso e das Forças Armadas, instituição de quem seus apoiadores, até a última hora, esperavam uma intervenção na arena política no país.