O embaixador do Brasil na Palestina, Alessandro Candeas, disse que nenhum brasileiro foi colocado na lista de quase 500 estrangeiros que deixam a Faixa de Gaza nesta 4ª feira (1º.nov.2023) pela passagem entre Rafah e o Egito. A fronteira foi aberta para a retirada limitada de pessoas gravemente feridas, estrangeiros e portadores de dupla nacionalidade.
“Pela 1ª vez, estrangeiros são autorizados a sair da Faixa de Gaza. Acredito que em breve novas listas serão publicadas. Espero que nossos brasileiros estejam nelas”, disse o embaixador, citado pelo G1.
Um grupo de 34 pessoas aguarda a liberação para deixar a Faixa de Gaza e embarcar para o Brasil via Egito. São 24 brasileiros e 10 palestinos que estão em processo ou darão início à imigração ao país.
Na 3ª feira (31.out), Shahed al-Banna, brasileira de 18 anos que está na Faixa de Gaza, disse que a água estava acabando em Rafah. Segundo ela, a situação no local é “difícil” e piora a cada dia.
“Estamos ainda com falta de água. Daqui a alguns dias, acho que a gente não vai conseguir encontrar mais água. Tá difícil. Não temos luz”, afirmou. “Não temos internet também. Temos que ficar procurando um lugar com internet para conseguir manter contato com as pessoas daí [do Brasil]”, acrescentou.
“As fronteiras estão fechadas, muita gente está morrendo todo dia. Cada dia está ficando pior que o dia anterior. Não tem comida entrando pelas fronteiras. E não há notícias de a gente sair daqui também. A embaixada está tentando fazer de tudo para nos ajudar, mas o difícil é encontrar as coisas aqui”, disse.
Assista (1min18s):
Desde o início do conflito no Oriente Médio, em 7 de outubro, a região tem sido privada de comida, água, energia e combustível pelo cerco de Israel ao território, controlado pelo Hamas. Alguns caminhões de ajuda humanitária estão entrando pela fronteira com o Egito, carregados com alimentos e medicamentos. Organizações não governamentais, no entanto, dizem que a quantidade é insuficiente.
A diretora-executiva do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância), Catherine Russell, afirmou na 2ª feira (30.out) que o abastecimento de água na Faixa de Gaza está prestes a “se tornar uma catástrofe”. Segundo ela, “a pouca água potável que resta em Gaza está se esgotando rapidamente, deixando mais de 2 milhões de pessoas em extrema necessidade”.
A Unicef estima que 55% da infraestrutura de abastecimento de água precise de reparos, sendo que “só uma estação de dessalinização está funcionando, com apenas 5% da capacidade”. As outras 6 foram paralisadas por falta de combustível ou energia.