A Câmara dos Deputados aprovou nesta 3ª feira (10.out.2023) com votos de 312 deputados moção de repúdio “contra os atos de guerra promovidos pelo grupo Hamas” a Israel no sábado (7.out). A ofensiva do grupo extremista resultou em uma declaração de guerra por parte do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Foram apresentados 14 pedidos de moção de repúdio. Os textos foram votados em bloco, por acordo definido na reunião de líderes partidários. Congressistas da oposição condenaram as ações do Hamas e defenderam a classificação da organização como “terrorista”, enquanto deputados governistas defenderam também o repúdio à reação armada de Israel.
No plenário, os deputados fizeram 1 minuto de silêncio em homenagem às vítimas do conflito, a pedido do deputado Gilberto Abramo (Republicanos-MG). O número de mortes por conta do conflito armado chegou a 1.900. Desses, 900 são palestinos, segundo dados divulgados nesta 3ª feira (10.out) pelo Ministério da Saúde da Palestina, e pelos menos 1.000 são israelenses, conforme a CNN.
“[Faremos] 1 minuto de silêncio em respeito às vítimas da guerra de ambos os lados, tanto palestinos quanto israelenses, que faleceram. Ninguém aqui, penso eu, independente das ideologias, quer a morte de seres humanos de forma tão violenta como foi e como tem sido”, disse o presidente interino da Casa, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP).
Pereira foi o 1º a apresentar um pedido de moção de repúdio aos “atos de guerra” do Hamas. Em seu requerimento, ele chamou a ação do grupo de “covardia”.
Dentre os requerimentos aprovados, está o pedido assinado por deputados de partidos de esquerda com repúdio à “violência do Hamas e do Estado de Israel, que resultou na morte de centenas de civis israelenses e palestinos, bem como o recrudescimento dos conflitos na região”.
Depois da votação, deputados da oposição criticaram a inclusão do requerimento contra os atos de Israel. Divergências sobre o assunto motivaram discussões no plenário na 2ª feira (9.out).
Também foram aprovados em bloco 3 votos de pesar pelas vítimas do conflito, dentre elas os brasileiros Ranani Nidejelski Glazer e Bruna Valeanu.
Na 2ª feira (9.out), o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, determinou um “cerco completo” à Faixa de Gaza. Segundo Gallant, eletricidade, alimentos, combustível e água não serão fornecidos ao local. O território é controlado pelo Hamas e tem cerca de 2,3 milhões de habitantes.
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.
O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, árabes recusaram a divisão, alegando terem ficado com as terras com menos recursos.
ATAQUE A ISRAEL
O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um que ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.
Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.
O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.