Empresas estão cada vez mais se voltando para fornecedores regionais de modo a se blindar contra interferências externas. A pesquisa “Resiliency in the making”, da empresa de tecnologia Accenture, afirma que 65% das companhias pretendem comprar a maioria dos itens essenciais de quem está mais próximo até 2026.
Em 2023, o número de empresas dispostas a diminuir a distância das cadeias de fornecedores é menor: 38%.
Assim como os compradores, os fornecedores também demonstram mais intenções de regionalização dos negócios. A maioria (85%) planeja produzir e vender seus produtos no mesmo local até 2026.
O relatório, entretanto, diz que a concentração de uma cadeia produtiva em um único local pode sim deixar um negócio alheio às interferências, mas que não é uma solução 100% eficaz.
“As empresas também devem aumentar sua maturidade digital. Elas precisam investir em dados, IA e soluções como gêmeos digitais. Ter recursos mais maduros nessas áreas ajuda as empresas a criar cadeias de suprimentos reconfiguráveis e produção autônoma”, diz o texto.
O estudo fala em fatores geopolíticos que atrapalharam a linha de fornecimento de empresas na década de 2020. O prejuízo em 2021 e 2022, por exemplo, foi de US$ 1,6 trilhão. O investimento em novas tecnologias para automatizar as companhias e, consequentemente, aumentar a resiliência é de US$ 1 bilhão em 2023. Segundo o relatório, o valor deve aumentar para ao menos US$ 2,5 bilhão até 2026.
Outro ponto levantado pela pesquisa é a resiliência. É dito que 1/4 das empresas mais resilientes às interferências externas tiveram faturamentos anuais 3,6% maiores e mais elevadas do que o outro 14/ mais vulnerável.
A Accenture deu 3 dicas para que os negócios aumentem o nível de resiliência:
- previsibilidade – companhias devem observar os padrões de sua cadeia de fornecedores para conseguir entender o que provavelmente irá se formalizar. Fala-se em instalar equipamentos como torres de controle inteligentes para monitorar os processos de análise;
- checagem por toda a equipe – às vezes, um time que está no começo de uma linha de produção pode ajudar a solucionar um problema de uma equipe mais ao fim;
- novas formas de trabalho – os funcionários devem ser capacitados em ferramentas de inovação, como inteligência artificial, para diversificar as formas de trabalho e estar menos expostas a mudanças do mercado. Apenas 17% das empresas já têm uma força de trabalho com profissionais de com habilidade em múltiplas áreas. No futuro, a expectativa é maior: 68% planejam ter uma até 2026.
A pesquisa “Resiliency in the making” foi realizada de janeiro a março de 2023 com 1.230 executivos seniores de engenharia, produção, cadeia de suprimentos e operações. Os entrevistados eram de 14 países (Austrália, Brasil, Canadá, China, França, Alemanha, Índia, Itália, Japão, México, Espanha, Suécia, Reino Unido e EUA), com empresas de diversos setores (aeroespacial e defesa, automotivo,produtos químicos, bens de consumo e serviços, alta tecnologia, equipamentos industriais, metalurgia e mineração, ciências da vida, petróleo e gás e serviços públicos).