O cacique Raoni Metuktire chegou ao Palácio do Planalto nesta 6ª feira (3.nov.2023) cerca de 16h30 depois de prometer “bater na porta” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para cobrar o cumprimento de promessas feitas a ele no dia da posse presidencial. A Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência), entretanto, nega que haja qualquer agenda entre o líder indígena e o petista.
Raoni disse que não havia conversado sobre o assunto com o chefe do Executivo desde a posse. “Ele está devagar. Não cumpriu o que me prometeu no dia da posse e por isso vou a Brasília bater na porta dele”, declarou em entrevista ao jornal O Globo publicada em 27 de outubro.
“Ele me prometeu que iria fazer ações em prol dos povos indígenas, para que não existam mais essas ameaças e violência contra nós. […] Vou lá fazer campanha na sala dele até ser atendido. Pressioná-lo para ele cumprir o que prometeu para mim”, completou.
À época, Raoni citou o veto parcial de Lula ao marco temporal: “Tenho vontade de chegar para falar com ele, para acabar com tudo isso. Porque esse ódio não vai cessar com essa aprovação parcial. Estou tentando falar com ele e não consegui. Ele precisa vetar totalmente e por isso vou a Brasília para ele me atender”.
O veto de Lula se deu em partes do artigo 4º do PL (Projeto de Lei) 2.903/2023, aprovado pelo Congresso Nacional em 27 de setembro, que estabeleciam que indígenas teriam direito somente às terras que estavam em sua posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição Federal. Leia mais sobre o assunto aqui.
“O marco temporal vai ser muito ruim para nós. É o pior problema que os povos indígenas podem ter. Ele não foi idealizado por nós, mas sim por pessoas que têm ódio da gente, como o ex-presidente Jair Bolsonaro [PL], que incentiva o ódio contra a gente”, disse o cacique.
Perguntado sobre o que iria cobrar de Lula, Raoni respondeu: a demarcação das terras indígenas. “Não estou feliz com o que foi feito. Muitos parentes precisam de território demarcado. Muitos deles estão sofrendo e vão sofrer ainda mais pela violência. A saída é a terra ficar com quem tem direito. Todas as lideranças têm me procurado para cobrar isso de Lula”, afirmou.