A bancada do Cidadania na Câmara decidiu ficar fora da base aliada do governo Lula. Em reunião neste sábado, 14, os deputados do partido afirmaram que manterão uma posição de independência em relação ao Palácio do Planalto, apesar de o diretório nacional ter aprovado o apoio "incondicional" ao petista.
O Cidadania terá cinco deputados na próxima legislatura, que se inicia em fevereiro, após o fim do recesso parlamentar no Congresso. A legenda, presidida nacionalmente por Roberto Freire, formou em maio do ano passado uma federação com o PSDB, e negocia agora uma junção com o Podemos, que anunciou em novembro a incorporação do PSC.
"Não vejo neste momento condições de nós não lutarmos pela democracia, mas não significa que é lutar pelo Lula. O Lula não significa sozinho a democracia no Brasil", disse o líder do Cidadania na Câmara, deputado Alex Manente (SP), em vídeo divulgado hoje.
Em nota, assinada por Manente, a bancada na Câmara diz que atuará na defesa de propostas que se alinhem ao programa partidário e aos princípios do Cidadania. "Defendemos ainda a sustentabilidade em toda sua compreensão, como também a responsabilidade fiscal e as reformas modernizadoras do nosso país".
Os deputados também dizem que sempre serão a favor da democracia e do respeito ao Estado Democrático de Direito, seis dias após os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal (STF) serem invadidos por apoiadores golpistas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Mas, não nos furtaremos em criticar e combater possíveis erros da nova gestão federal", ponderam os parlamentares, na nota. Os deputados afirmam que a decisão de declarar independência em relação ao governo na Câmara, apesar de contrariar a decisão da Executiva Nacional, está respaldada no estatuto da legenda, que, segundo eles, é contra o fechamento de questão.
O Cidadania apoiou Lula no segundo turno da eleição presidencial contra o então presidente Bolsonaro, que tentava se reeleger. Na primeira etapa da disputa, a sigla integrou a coligação da agora ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), que também apoiou o petista no segundo turno.
No Senado, a única parlamentar do partido, Eliziane Gama (MA), fará parte da base aliada do governo petista, após integrar o Conselho Político da equipe de transição.