Por Jake Spring
SÃO PAULO (Reuters) - O desmatamento na Amazônia brasileira aumentou em julho, quebrando uma sequência de 15 meses de queda na destruição da floresta durante o governo do presidente Luiz Inácio da Silva, segundo dados preliminares, em meio a uma greve de servidores da área ambiental.
Cerca de 572 quilômetros quadrados de floresta foram desmatados nos primeiros 26 dias de julho, 14% a mais do que os 500 quilômetros quadrados registrados em julho do ano passado, de acordo com dados preliminares do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Ciência e Tecnologia irão realizar uma entrevista coletiva conjunta nesta quarta-feira para anunciar os dados do Inpe para o mês de julho completo.
Apesar do aumento no mês, os níveis de desmatamento da Amazônia ainda são muito menores no governo Lula do que no governo de seu antecessor Jair Bolsonaro.
O desmatamento da Amazônia em julho de 2022, último ano do governo Bolsonaro, foi quase três vezes maior do que os dados parciais de julho de 2024.
O desmatamento na Amazônia havia aumentado pela última vez em fevereiro e março de 2023, logo após Lula tomar posse.
O aumento na destruição florestal se deve em parte a uma greve de trabalhadores ambientais iniciada em junho, que reduziu drasticamente a aplicação das leis contra o desmatamento, disse Wallace Lopes, líder do sindicato de trabalhadores ambientais Ascema.
"A greve certamente impactou no aumento desses dados, tem as informações de redução de número de autos de infração lavrados, número de operações executadas na Amazônia e número de embargos também", disse.
A greve envolve tanto o principal órgão federal de fiscalização ambiental, o Ibama, quanto o serviço de parques, o Icmbio.
Procurado pela Reuters, o Palácio do Planalto não respondeu de imediato. O Ministério do Meio Ambiente não fará comentários sobre os dados preliminares antes da coletiva de imprensa, disse um porta-voz.
Lula assumiu o cargo em janeiro de 2023 com a promessa de acabar com o desmatamento até 2030, após o aumento dos níveis de destruição durante o governo Bolsonaro. Esse compromisso é a peça central de sua tentativa de restaurar as credenciais climáticas do Brasil, uma vez que a Amazônia absorve grandes quantidades de gases de efeito estufa.
Os dados surgem em um momento em que a floresta amazônica tem sofrido inúmeros incêndios, em meio a uma seca na região impulsionada pelas mudanças climáticas. A temporada de incêndios normalmente atinge seu pico em agosto e setembro.
Os esforços de combate a incêndios não estavam sendo afetados pelas greves realizadas pelos trabalhadores ambientais.