BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), voltou a subir o tom das críticas ao governo, nesta quinta-feira, e chamou o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, de "desafeto pessoal" e "incompetente".
As declarações foram feitas após Lira ter sido questionado por jornalistas, durante um evento no interior do Paraná, se o placar baixo a favor da manutenção da prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) em votação na véspera decorreria do enfraquecimento da sua liderança na Câmara.
"Essa notícia foi vazada do governo e, basicamente, do ministro Padilha, que é um desafeto, além de pessoal, incompetente", disse Lira sobre o ministro responsável pela articulação política do governo Lula com o Congresso. "Não existe partidarização. Eu deixei bem claro que ontem (quarta) a votação foi de cunho individual, cada deputado é responsável pelo voto que deu. Não tem nada a ver".
Desde o ano passado o presidente da Câmara tem criticado a atuação de Padilha e chegou a tentar, nos bastidores, derrubá-lo do cargo. Ele tem dito que prefere conversar com o ministro da Casa Civil, Rui Costa.
"É lamentável que integrantes do governo interessados na estabilidade da relação harmônica entre os Poderes fiquem plantando essas mentiras, notícias falsas, que incomodam o Parlamento. E, depois, quando o Parlamento reage, acham ruim", acrescentou o presidente da Câmara.
Pouco depois que o comentário de Lira veio a público, Padilha publicou na rede social X um vídeo com falas elogiosas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a seu trabalho.
"Ter ouvido isso ontem (quarta), publicamente, do maior líder político da história do Brasil é sempre uma honra para toda a equipe do Ministério das Relações Institucionais", disse o ministro na publicação.
"Agradecemos e estendemos esse reconhecimento de competência ao conjunto dos ministros e aos líderes, vice-líderes e ao conjunto do Congresso, sem os quais não teríamos alcançado os resultados elogiados pelo presidente Lula, com a aprovação da agenda legislativa prioritária para o governo e para o Brasil", acrescentou.
Ainda nesta tarde, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), foi questionado sobre as declarações de Lira sobre Padilha e afirmou que é preciso evitar esses problemas. Pacheco chamou o ministro de competente.
Preso há duas semanas pela Polícia Federal sob suspeita de ser um dos mandantes da morte da vereadora Marielle Franco em 2018, o deputado Chiquinho Brazão teve sua detenção mantida pela Câmara um placar de 277 votos a favor e 129 contra.
Uma fonte ligada a Lira disse que Padilha tentou jogar no colo dele uma derrota que não lhe diz respeito. Segundo a fonte, Lira não articulou nem a favor nem contra Brazão.
(Reportagem de Ricardo Brito)