O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Roberto Barroso, afirmou que “houve uma imensa falha no serviço de inteligência, tanto da polícia quanto dos militares” no 8 de Janeiro, quando extremistas invadiram e depredaram os prédios dos Três Poderes, em Brasília.
“Se não foi falha no serviço de inteligência, foi cumplicidade. O que seria pior ainda. Então houve falha no serviço de inteligência e houve falha das forças de segurança. A PM [Polícia Militar] não estava na rua, nem chegou em tempo razoável. Nem o batalhão presidencial. Ali houve uma mistura de omissão, incompetência e cumplicidade”, declarou Barroso em entrevista ao jornal CNN nesta 6ª feira (5.jan.2024).
O presidente da Suprema Corte afirmou que houve “um processo indevido de politização” das Forças Armadas “já desfeito”, mas que “houve um momento muito difícil”.
“Na vida, uma instituição pode ser dramaticamente afetada por uma má liderança”, disse.
Barroso ainda afirmou que o “golpismo foi sepultado” depois dos atos extremistas, mas que “o ódio ainda está presente na vida brasileira”. Segundo ele, o 8 de Janeiro foi um dos episódios “mais tristes da história do Brasil. E certamente o mais triste da história do Supremo, pelo menos do ponto de vista físico”.
O ministro disse que, ao chegar na sede do STF depois das depredações, houve “muita indignação”. Falou que a então presidente da Corte, Rosa Weber, afirmou a todos que o plenário seria reconstruído até 1º de fevereiro de 2023.
REDES SOCIAIS
Segundo o presidente do STF, as redes sociais tiveram um “papel misto” em campanhas de “desinformação com discursos de ódio e frequentemente com mentiras para tirar a credibilidade das pessoas”. Para Barroso, esse foi um processo importante na “difusão do ódio”.
Barroso também declarou que o país viveu um período em que “lideranças importantes do país atacavam regularmente as instituições e procuravam abalar a sua credibilidade. E ofendiam pessoalmente os seus integrantes”. Não citou nomes.
“O conservadorismo é uma forma legítima de pensar a vida, como qualquer outra. A democracia tem lugar para liberais, para progressistas, para conservadores. O problema não é o conservadorismo. O problema é a captura pelo extremismo, porque o extremismo é intolerante. O populismo autoritário é anti-institucional”, afirmou.