O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse que o governo federal montou um gabinete de crise dentro do órgão para realizar uma “grande operação” para repatriar os brasileiros que se encontram em Israel ou Palestina. A declaração foi dada na noite desta 3ª feira (10.out.2023) em entrevista ao programa A Voz do Brasil, da EBC.
“Foi deliberado sobre a forma de assistência a esses brasileiros, bem como dos funcionários das embaixadas de Tel Aviv e Ramalá. Serão 6 aviões militares que farão o transporte de cerca de 2.300 brasileiros. Será uma grande operação para garantir a saída mais rápida possível”, disse.
Mauro Vieira também disse ter conversado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para transmitir as informações sobre a guerra entre Israel e Hamas e as ações do Itamaraty na resolução do conflito. O Brasil presidirá o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) durante o mês de outubro.
“Nossa estratégia é justamente usar o conselho para discutir a paz e o entendimento”, afirmou o chanceler.
Vieira salientou que a posição do Brasil quanto à guerra é de buscar um cessar-fogo o mais rápido possível para conter a escalada da crise. “Condenamos as violências e o derramamento de sangue”, declarou.
Nesta 3ª feira (10.out), o 1º avião da FAB (Força Aérea Brasileira) com 211 brasileiros resgatados desde o início dos conflitos entre Israel e Hamas decolou de Tel Aviv, capital de Israel, às 14h12 (horário de Brasília). A estimativa é de que o KC-30 (Airbus (EPA:AIR) A330-200) chegue ao Brasil às 4h da manhã (horário de Brasília) de 4ª feira (11.out).
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.
O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, árabes recusaram a divisão, alegando terem ficado com as terras com menos recursos.
ATAQUE A ISRAEL
O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um que ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.
Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.
O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.