Por Lisandra Paraguassu e Leonardo Benassatto
PORTO ALEGRE (Reuters) - O desespero nos olhos de Nilton Muradaz Junior é inconfundível enquanto ele observa o vasto lago que já foi sua fazenda, mas agora exibe poucos sinais dos animais, equipamentos e estruturas que ele perdeu nas enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul.
“Um sonho, uma vida que a gente deposita aí dentro, ser levado dessa forma é desolador. Não tenho nem palavras”, disse Muradaz, cujo rebanho de gado foi reduzido de 33 a apenas 13 cabeças. Somente quatro dos seus 20 cavalos puro-sangue sobreviveram.
Fortes chuvas no Rio Grande do Sul fizeram com que rios e lagos atingissem seus níveis mais altos em todos os tempos, matando 149 pessoas e desalojando outras 538.000, segundo as autoridades.
“Não é só uma perda financeira, mas é sentimento que você coloca plantando uma muda, um cavalinho que você tinha e se afetuava mais, e agora não tem. Eu nem consigo me expressar”, disse Muradaz.
Ele disse que não sabe sequer por onde começar a reconstruir sua vida até conseguir avaliar todos os danos causados pelas enchentes.
“As pessoas precisam se conscientizar (da preservação ambiental) de uma forma mais rápida possível para que a gente ainda tenha chance de que isso não aconteça novamente de uma forma ainda mais grave”, disse.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu e Leonardo Benassatto)