O ministro da Energia de Israel, Israel Katz, disse nesta 5ª feira (12.out.2023) que Gaza não terá acesso à energia, água e combustível até que os reféns sequestrados pelo grupo paramilitar Hamas sejam libertados e retornem para Israel.
“Ajuda humanitária a Gaza? Nenhum interruptor elétrico será ligado, nenhum hidrante será aberto e nenhum caminhão de combustível entrará até que os sequestrados israelenses retornem para casa. Humanitarismo pelo humanitarismo. E ninguém nos pregará moralidade”, escreveu o ministro em post no X.
O Ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, declarou na 2ª feira (9.out) que mais de 100 pessoas foram feitas reféns pelo Hamas no fim de semana.
No mesmo dia, o grupo paramilitar ameaçou executar reféns em retaliação a cada ataque de Israel. “A partir deste momento, anunciamos que qualquer ataque a residências civis sem aviso será lamentavelmente respondido com a execução de um dos reféns civis inimigos que mantemos, e seremos forçados a transmitir isso”, anunciou Abu Obaida, porta-voz do Hamas, ao canal da Al Jazeera.
Apesar de os bombardeios terem continuado, não há notícias de execução de reféns israelenses.
Na 4ª feira (11.out), o porta-voz do Exército de Israel, Jonathan Conricus, afirmou que há brasileiros entre os reféns. Segundo ele, também estão sob o domínio do Hamas cidadãos dos EUA, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Argentina e Ucrânia. O porta-voz disse que o resgate “não é apenas de Israel, mas de muitos outros governos democráticos no mundo”.
O Itamaraty, porém, declarou não ter a confirmação de que há brasileiros entre os reféns. “Recebemos essa informação e estamos procurando verificá-la”, afirmou o embaixador e secretário da África e Oriente Médio, Carlos Duarte, a jornalistas.
ENTENDA O CONFLITO
Embora seja o maior conflito armado na região nos últimos anos, a disputa territorial entre palestinos e judeus se arrasta por décadas. Os 2 grupos reivindicam o território, que possui importantes marcos históricos e religiosos para ambas as etnias.O Hamas (sigla árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”) é a maior organização islâmica em atuação na Palestina, de orientação sunita. Possui um braço político e presta serviços sociais ao povo palestino, que vive majoritariamente em áreas pobres e de infraestrutura precária, mas a organização é mais conhecida pelo seu braço armado, que luta pela soberania da Faixa de Gaza.
O grupo assumiu o poder na região em 2007, depois de ganhar as eleições contra a organização política e militar Fatah, em 2006.
A região é palco para conflitos desde o século passado. Há registros de ofensivas em 2008, 2009, 2012, 2014, 2018, 2019 e 2021 entre Israel e Hamas, além da 1ª Guerra Árabe-Israelense (1948), a Crise de Suez (1956), Guerra dos 6 Dias (1967), 1ª Intifada (1987) e a 2ª Intifada (2000). Entenda mais aqui.
Os atritos na região começaram depois que a ONU (Organização das Nações Unidas) fez a partilha da Palestina em territórios árabes (Gaza e Cisjordânia) e judeus (Israel), na intenção de criar um Estado judeu. No entanto, árabes recusaram a divisão, alegando terem ficado com as terras com menos recursos.
ATAQUE A ISRAEL
O Hamas, grupo radical islâmico de orientação sunita, realizou um ataque surpresa a Israel no sábado (7.out). Israel declarou guerra contra o Hamas e começou uma série de ações de retaliação na Faixa de Gaza, território palestino que faz fronteira com Israel e é governado pelo Hamas.Os ataques do Hamas se concentram, até o momento, ao sul e ao centro de Israel. Caso o Hezbollah faça novas investidas na fronteira com o Líbano, um novo foco de combate pode se estabelecer ao norte de Israel.
O tenente-coronel israelense, Richard Hecht, afirmou que o país “olha para o Norte” e que espera que o Hezbollah “não cometa o erro de se juntar [ao Hamas]”.
Saiba mais sobre a guerra em Israel:
- o grupo extremista Hamas lançou um ataque sem precedentes contra Israel em 7 de outubro e assumiu a autoria dos ataques no dia seguinte;
- cerca de 2.000 foguetes foram disparados da Faixa de Gaza. Extremistas também teriam se infiltrado em cidades israelenses –há relatos de sequestro de soldados e civis;
- Israel respondeu com bombardeios em alvos na Faixa de Gaza;
- o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarou (8.out) guerra ao Hamas e falou em destruir o grupo;
- líderes mundiais como Joe Biden e Emmanuel Macron condenaram os ataques –entidades judaicas fizeram o mesmo;
- Irã e o grupo extremista Hezbollah comemoraram a ação do Hamas –saiba como é o interior de túneis usados pelo Hezbollah na fronteira entre o Líbano e Israel;
- o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, determinou na 2ª feira (9.out) um “cerco completo” à Faixa de Gaza. Segundo a ONU, ação é proibida pelo direito humanitário internacional;
- o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky comparou o conflito à guerra na Ucrânia. Afirmou que o Hamas é uma “organização terrorista”, enquanto a Rússia pode ser considerada um “Estado terrorista”;
- Lula chamou os ataques do Hamas de “terrorismo”, mas relativizou episódio;
- embaixada de Israel no Brasil chamou Hamas de “ramo” do regime iraniano;
- Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara, e Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado, também se pronunciaram e fizeram apelo pela paz;
- Bolsonaro (PL) repudiou os ataques e associou o Hamas a Lula;
- o Itamaraty confirmou a morte de 2 brasileiros; 1 segue desaparecido;
- ENTENDA – saiba o que é o Hamas e o histórico do conflito com Israel;
- ANÁLISE – Conflito é entre Irã e Israel e potencial de escalada é incerto;
- OPINIÃO – Dias incertos para o mercado de petróleo, escreve Adriano Pires;
- FOTOS E VÍDEOS – veja imagens da guerra na playlist especial do Poder360 no YouTube.
Leia também:
- Número de deslocados na Faixa de Gaza ultrapassa 260 mil, diz ONU;
- Israel diz ter destruído sistema de defesa do Hamas;
- Israel bombardeia sul do Líbano após ataques do Hezbollah;
- Embaixador de Israel pede pressão para Hamas libertar reféns;
- Governo negocia com Egito repatriação de brasileiros;
- Itamaraty não confirma a existência de brasileiros reféns em Gaza;
- Governo brasileiro negocia saída de 30 pessoas de Gaza;
- Brasil pede que Egito receba ônibus com brasileiros de Gaza;
- Netanyahu e oposição anunciam “governo de emergência” em Israel.