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Gilmar: Instituições se tornaram alvo de 'zumbis consumidores de desinformação'

Publicado 03.02.2023, 08:23
Atualizado 03.02.2023, 11:41
© Reuters.  Gilmar: Instituições se tornaram alvo de 'zumbis consumidores de desinformação'

O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), disse nesta sexta-feira, 3, que as instituições brasileiras se tornaram o 'alvo predileto de vivandeiras alvoroçadas adestradas na cartilha de fanatismo político ignóbil', em referência aos ataques antidemocráticos do dia 8 de janeiro.

"Havia também um grupo situado no topo de uma estrutura que exercia posição de poder diante de zumbis consumidores de desinformação e este é um grave problema para a democracia atual", alertou o decano em um encontro de empresários organizado em Lisboa pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide), ligado ao ex-governador de São Paulo João Doria.

O ministro também defendeu a responsabilização dos golpistas que invadiram as sedes dos Poderes em Brasília e a investigação dos lucros 'políticos ou econômicos' que os envolvidos tiveram com os atos de vandalismo. Ele disse ainda que, apesar da 'extensão do dano ser grande, o seu conserto é possível'.

"Esperamos que as investigações em curso identifiquem quem ocupava o topo dessa dinâmica", afirmou. "Essa tarefa é premente para readquirirmos uma boa qualidade democrática, um fortalecimento institucional e para que nunca mais voltemos a ser um pária internacional, objetivo expressamente vocalizado por certo expoente de uma cerca doutrina."

'Democracia sobreviveu'

O ministro Ricardo Lewandowski, que também participa do evento, afirmou que a democracia brasileira 'sobreviveu' aos atos golpistas e que as instituições têm 'resistido' aos ataques.

"O Brasil sobreviveu a 8 de janeiro", ponderou. "A democracia brasileira é resiliente e sobreviveu a esse ataque antidemocrático."

Lewandowski foi além e defendeu que a democracia 'saiu fortalecida' do episódio. Ele citou como exemplo a reunião dos governadores com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Todos desceram a rampa do Planalto e caminharam até o STF após os ataques.

"Isso representou um fato importantíssimo que mostra a união não apenas dos três Poderes, mas também dos representantes da federação brasileira. Isso foi um feito inédito e que mostra a pujança da democracia brasileira", disse.

A jornalistas, Lewandowski afirmou que a percepção sobre o Brasil melhorou após a invasão, graças à resposta das instituições.

O ministro disse ainda que o STF pensa em manter destroços do que foi destruído no dia 8 de janeiro. Segundo ele, o busto de Rui Barbosa, que foi danificado durante a invasão do STF, não será restaurado. O ministro chamou o ataque de 'ignóbil' e defendeu que a memória sobre o episódio seja preservada.

Lewandowski falou também na emergência de lideranças populistas e na escalada das notícias falsas - dois eixos que, na avaliação do ministro, têm revelado a 'fragilidade' dos regimes democráticos.

"É preciso enfrentar o déficit democrático causado em grande parte pelas deficiências da democracia representativa", defendeu. O ministro sugeriu como caminho o fortalecimento dos partidos políticos e da sociedade civil organizada.

'Ataques desrespeitosos e repetidos'

O ministro Luís Roberto Barroso, do STF, afirmou que os atos de vandalismo na capital federal em 8 de janeiro foram precedidos por um discurso 'permanentemente golpista', sem citar nomes.

"Vivemos um período relevante de risco democrático que culminou com os eventos de 8 de janeiro, que não foram um fato isolado, foi um processo histórico (...) antecedido por ataques desrespeitosos e indevidos às instituições e a absurda politização das Forças Armadas", disse.

O ministro voltou a dizer que o País passa por um 'déficit de civilidade'. Segundo ele, o momento político é marcado pela 'naturalização das ofensas, da grosseria e a extração do pior que havia nas pessoas'.

Barroso também condenou as narrativas de fraude nas urnas eletrônicas e as propostas de voto impresso, encampadas por bolsonaristas e pelo próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

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