O ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, disse na 3ª feira (24.out.2023) que, caso vença o 2º turno das eleições presidenciais, fará um governo que não será a continuação do atual, comandado por Alberto Fernández e com Cristina Kirchner como vice-presidente. Ele foi o vencedor do 1º turno do pleito, realizado no domingo (22.out), mesmo com a inflação argentina em 148% ao ano e o dólar paralelo batendo recordes frequentes.
Em entrevista ao jornal “Telenoche”, Massa disse não ter “chefes”. Segundo ele, Fernández “vai ser outro ex-presidente como [Mauricio] Macri, Cristina ou [Eduardo] Duhalde”. Sobre a vice-presidente, o ministro afirmou que ela “escolheu um papel mais distanciado” da política. Massa disputa o 2º turno das eleições, marcado para 19 de novembro, com Javier Milei.
Massa minimizou o fato de Fernández e Cristina não terem se envolvido em sua campanha. Disse que as ações eleitorais foram suas, assim como uma eventual gestão será dele. “O governo também vai ser meu. Quem me conhece sabe que não tenho chefes, meu único chefe será o povo argentino, os que votaram em mim e os que não votaram”, declarou.
Massa assumiu o ministério em julho do ano passado. Na época, o governo do presidente Alberto Fernández já estava mergulhado em uma crise. A então ministra, Silvina Batakis, havia permanecido no cargo por menos de 1 mês; a vice-presidente Cristina Kirchner lutava contra a Justiça; e o governo já estava rachado.
Desde o princípio, a pauta econômica foi um dos principais temas da campanha eleitoral. Apesar do insucesso no governo, a aliança do peronismo de Massa com a ala sindical e a garantia da manutenção da interferência do Estado na economia responderam aos anseios dos eleitores.
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“Há pessoas indignadas com este governo e elas têm razões para estar”, disse Massa, citando que a crise atual é resultado de “4 anos de fracasso do governo Macri” e de “2 anos de queda de rendimento com soluções que não apareciam”. Segundo ele, os argentinos estão frustrados e com raiva. “Peço desculpas pela parte que me cabe”, afirmou.
Massa disse pretender fazer um governo de diálogo, algo que considera ser “o que a Argentina mais precisa neste momento”.
No plano econômico, ele afirmou que continuará “trabalhando para ter um programa de preços para proteger o bolso dos argentinos”. Massa disse esperar que o crescimento do país em 2024 possibilite “maior solvência” junto ao FMI para ser a Argentina a “estabelecer as condições” do acordo entre o país e o Fundo Monetário Internacional.
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